Muitos alunos ainda sem aulas, mas poucos professores a caminho das escolas

Número de docentes colocados na reserva de recrutamento voltou a descer. Maioria vai substituir professores de baixa.

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Grupos do pré-escolar e 1.º ciclo lideram colocações de professores Adriano Miranda
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O número de professores colocados a nível nacional continua a descer, apesar de as necessidades das escolas permanecerem em alta, como mostram os mais de 200 mil alunos que, segundo o ministro da Educação, estarão ainda sem aulas.

Pelos cálculos feitos pelo PÚBLICO a partir das listas de colocação, na reserva de recrutamento desta segunda-feira, a quarta deste ano lectivo, foram colocados cerca de 920 docentes contratados. Isso representa uma descida substancial em comparação com os 1760 a quem há uma semana foi atribuído um lugar nas escolas, um número que, por sua vez, foi mais baixo do que o registado nos concursos anteriores.

As reservas de recrutamento são concursos nacionais de colocação de professores que estão abertos todo o ano lectivo para tentar responder às necessidades que vão surgindo. Nos quatro já realizados em 2024/2025 foram colocados perto de 7100 professores.

Tal não significa que seja este o número de professores que tenha chegado às escolas nestas últimas semanas, já que os docentes podem recusar a colocação, embora com penalizações.

Nas listas divulgadas pela Direcção-Geral da Administração Escolar (DGAE) não constam dados sobre os pedidos feitos pelas escolas. Esta informação só é tornada pública quando o ministério opta por a divulgar e sem que existam esses dados não é possível ter um cálculo público sobre a relação entre a procura e a oferta.

Nos concursos nacionais, os professores são colocados segundo a sua graduação profissional, calculada sobretudo com base no tempo de serviço, e em função das preferências (de regiões ou escolas) que manifestaram no acto de candidatura.

A descida do número de colocados numa altura em que existem tantos alunos sem aulas permite, contudo, comprovar, como têm alertado movimentos de professores, que muitos dos docentes ainda sem escola são candidatos a regiões que não figuram entre as que têm mais carências. E também titulares de disciplinas menos desfalcadas.

Cem professores do quadro sem horas de aulas

O 1.º ciclo (242) e a Educação Pré-Escolar (122) continuam a figurar entre os grupos com mais colocados. São também os que têm mais docentes ainda sem escola – cerca de sete mil. A seguir vem Educação Física, que, no conjunto, tem ainda perto de 3500 docentes à espera de lugar.

Cerca de 87% dos horários atribuídos nesta segunda-feira são temporários: não têm duração anual, sendo geralmente pedidos para se proceder à substituição de professores que entram de baixa médica.

Quanto aos professores do quadro, dos 1600 que começaram o ano lectivo sem horas de aulas atribuídas, sobram cerca de 100 nesta situação. Dos 38 que conseguiram ficar com componente lectiva nesta reserva de recrutamento, 36 foram também substituir colegas de baixa.

Quando os horários pedidos pelas escolas ficam por preencher nas reservas de recrutamento, que se realizam semanalmente, passam para a chamada “contratação de escola”. É também um concurso com duração anual, mas, ao contrário das reservas de recrutamento, compostas por listas nacionais, os candidatos podem escolher directamente a escola e o horário a que se candidatam.

Entre a reserva de dia 16 e esta segunda-feira, 226 professores saíram das listas nacionais por terem aceitado colocação em contratação de escola.

Até quinta-feira continuarão abertas as candidaturas para o concurso extraordinário de vinculação com que o Governo pretende minimizar a falta de professores nas zonas mais carenciadas. Foram abertas 2309 vagas, das quais cerca de 72% concentradas nas regiões de Lisboa e Setúbal. Os resultados do concurso deverão ser conhecidos na segunda quinzena de Novembro.

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