Jorge Viana: “Realidade está se sobrepondo às narrativas. Brasil vai crescer 3,2%”

De passagem por Lisboa, presidente da ApexBrasil afirma que país vive bom momento econômico, com emprego recorde e renda em alta. Brasil tirou 24 milhões da pobreza em quase dois anos.

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Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, diz que relações entre Portugal e Brasil têm muito a avançar Vicente Nunes
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O Brasil deverá crescer 3,2% neste ano, prevê o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, que está de passagem por Lisboa para encontros com empresários e representantes do Governo de Portugal. Segundo ele, a despeito de todas as previsões iniciais pessimistas em relação à economia brasileira — a projeção, em janeiro, era de 0,9% —, “a realidade está se impondo sobre as narrativas do mercado financeiro” e, mais uma vez, o Produto Interno Bruto (PIB) ficará muito acima do estimado. “Isso também ocorreu em 2023”, afirmou.

Na avaliação de Viana, há razão de sobras para se ter otimismo em relação ao Brasil. “Os dados da economia são muito promissores: o desemprego é o menor desde 2014, a renda real do trabalho é a maior da história, nunca houve tantas pessoas com carteira assinada no país e, melhor, em quase dois anos, 24 milhões de pessoas saíram da pobreza”, listou. Esse contingente representa pouco mais de duas vezes a população de Portugal. “São dados como esse que estamos apresentando a empresários e investidores mundo afora e desmontando as teses de que tudo no Brasil está ruim”, disse.

Para ele, Brasil e Portugal, que também está vivendo um bom momento econômico, devem acelerar os laços culturais e comerciais. “Essa é uma determinação do presidente Lula”, ressaltou. “Estamos falando de uma relação única entre dois países, com uma corrente de comércio razoável, que pode crescer. Há muita sinergia”, assinalou. Dentro do propósito de estreitamento ainda maior das relações, será inaugurada, ainda neste ano, em Lisboa, a Casa do Brasil, que terá representações do Banco do Brasil, da Fiocruz, do Sebrae. Tudo, segundo Viana, com o intuito de viabilizar negócios dos dois lados do Atlântico.

Missão startups

A ApexBrasil, por sinal, está preparando uma grande missão com cerca de 300 startups para participar, em novembro, da Web Summit, um dos principais eventos de tecnologia do mundo. “Há um ecossistema de startups em Portugal muito interessante, com o qual temos o que aprender”, destacou Viana, que tem cidadania portuguesa. O avô dele, Diamantino Macedo, saiu de Aveiro aos 17 anos para se estabelecer na Amazônia brasileira. “Portanto, há também uma relação familiar nesse nosso propósito de aproximação. Brasil e Portugal têm uma relação familiar, que precisa ser cultivada”, reforçou.

O Brasil, segundo o executivo, também tem interesse nos sistemas de energia eólica e solar de Portugal que vêm permitindo ao país equilibrar os valores das contas de luz dos consumidores. Ele ressaltou, ainda, que as relações entre Brasil e Portugal são fundamentais para que se tenha um olhar diferenciado para o desenvolvimento da África, em especial, para os países que integram a comunidade de língua portuguesa (CPLP). “Há muito a ser feito em prol da África, da boa governança global e da inclusão social”, frisou.

Na avaliação de Viana, Brasil e Portugal não podem perder a oportunidade de tirar proveito do que os unem. Há uma comunidade enorme de portugueses no Brasil e o número de brasileiros vivendo em Portugal não para de crescer. “Isso tem reflexos na economia, na cultura, em todos os setores”, disse. Os dois países estão acertando os detalhes da próxima reunião de cúpula, que deve ocorrer no início do próximo ano em território brasileiro.

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