Montenegro responde a Pedro Nuno: “Não há reuniões secretas.” Mas recebeu IL e Chega em agenda privada

Gabinete do primeiro-ministro e assessoria do Chega não confirmam encontros, mas IL assume encontro “logo à primeira hora da manhã” - ou seja, antes de Montenegro reunir com Ventura.

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Gabinete de Luís Montenegro garante que "não há reuniões secretas na residência oficial do primeiro-ministro" Daniel Rocha
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"Não há reuniões secretas", mas o primeiro-ministro recebeu nesta segunda-feira de manhã os presidentes da Iniciativa Liberal e do Chega sem que isso conste da sua agenda pública. Apesar de o gabinete de Luís Montenegro recusar revelar ao PÚBLICO se se realizaram ou não as reuniões, e de a assessoria do Chega e de André Ventura responder não dispor de informação sobre o assunto, a IL confirma que Rui Rocha se reuniu com o primeiro-ministro. A notícia de que os líderes dos dois partidos se tinham reunido com Luís Montenegro fora avançada pela CNN Portugal sem que, no entanto, qualquer dos protagonistas o confirmasse.

"A Iniciativa Liberal confirma que o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, teve uma reunião logo à primeira hora da manhã com o sr. primeiro-ministro, no âmbito da situação política e das negociações do Orçamento do Estado" – é a resposta oficial enviada pela assessoria de comunicação da IL à comunicação social. O encontro de Rocha com Montenegro aconteceu por volta das 10h, soube o PÚBLICO, antes da reunião do chefe do executivo com André Ventura.

Depois de o secretário-geral socialista ter defendido, a meio da manhã, que não deve haver "reuniões secretas" entre o PS e o Governo e que, por isso, todos os encontros devem ser anunciados publicamente, o gabinete de Luís Montenegro enviou uma lacónica nota de imprensa, pelas 15h, em que afirma que "não há reuniões secretas na residência oficial do primeiro-ministro". "Há encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social", acrescenta a simples nota, sem qualquer outra referência ou explicação.

Circulava, no entanto, de modo informal, a indicação de que Luís Montenegro se teria reunido com os líderes do Chega, André Ventura, e da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, nesta segunda-feira de manhã. Ao PÚBLICO, a assessoria do primeiro-ministro não quis confirmar nem desmentir tal informação, limitando-se a remeter para o comunicado do gabinete e assinalando que na residência oficial do chefe do executivo acontecem semanalmente inúmeras reuniões de trabalho com as mais diversas entidades que não são colocadas na agenda disponibilizada à comunicação social porque não é suposto terem qualquer cobertura mediática. Pelo desenrolar dos acontecimentos, foi o que se passou ao início da manhã desta segunda-feira.

Questionado pelo PÚBLICO, o gabinete de assessoria e comunicação do Chega e de André Ventura afirmou não dispor ainda de qualquer informação sobre um eventual encontro.

A sucessão de reuniões e declarações desta segunda-feira de manhã, em especial a insistência de Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas em Oliveira de Azeméis, de que não deverá haver reuniões secretas entre PS e Governo, deixava no ar a ideia de que esses encontros poderiam já ser conhecidos entre a cúpula socialista e teria sido uma espécie de desafio. Ao fim da tarde, porém, havia de ser afirmar surpreendido com as reuniões do Governo com os outros partidos. "Nós soubemos isto, porque se soube. Não houve nenhum anúncio. Tal como o Governo queria fazer uma reunião secreta connosco a semana passada, fez duas reuniões secretas hoje de manhã."

Foi uma forma também de procurar tirar a "conclusão" de que "o Governo não está interessado em negociar, nem em criar um bom ambiente negocial", ainda que realçando não ter qualquer "problema" que o executivo fale com os outros. Mas, avisou, "não pode continuar a fazer de conta que [o PS] é um parceiro preferencial".

Pedro Nuno e Montenegro têm reunião marcada para a próxima sexta-feira. O líder do PS voltou a negar que tenha estado marcada para a semana passada essa reunião, tal como o partido fez num dos comunicados de domingo à tarde. "O Governo não quis que fosse dado conhecimento prévio dessa reunião e para nós é essencial que qualquer reunião que venha a acontecer entre as delegações do PS e do Governo, entre secretário-geral do PS e primeiro-ministro, seja do conhecimento público prévio. Até para não termos que ouvir de adversários políticos que o PS e o PSD estão a fazer reuniões secretas", argumentou Pedro Nuno Santos.

"Não há, nem pode haver, reuniões secretas" entre o PS e o Governo, vincou. "Todo o trabalho que é feito entre o PS e o Governo é de conhecimento público", insistiu o secretário-geral do PS, justificando que dessa forma não se alimentam "intrigas e diz-que-disse" nem se dão "argumentos e armas a partidos como o Chega".

André Ventura até fez uma conferência de imprensa ao final da manhã que estava convocada desde domingo para falar sobre incêndios e aproveitou para deixar fortes críticas ao PS e ao Governo, sobre os quais disse que estão a dar "um espectáculo triste" que mostra que "nem Luís Montenegro, nem Pedro Nuno Santos estão preocupados em dar um Orçamento ao país". Mas omitiu o seu encontro de hoje com o primeiro-ministro.

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