Médio Oriente: Rangel desaconselha viagens perante “situação extremamente grave”
Chefe da diplomacia portuguesa falou numa “escalada altamente preocupante” no Médio Oriente, no mesmo dia em que Israel atacou o Líbano e provocou pelo menos 356 mortes, incluindo crianças.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal reiterou esta segunda-feira, 23 de Setembro, o apelo aos portugueses para que evitem viajar para o Médio Oriente, incluindo para território libanês e israelita e para a Palestina ocupada, perante a "situação extremamente grave" na região.
"Eu penso que a escalada agora está num ponto ainda mais grave do que esteve há meses atrás e, portanto, é de reforçar o apelo a que os portugueses — quer seja em turismo, seja em negócios, a não ser em caso de estrita necessidade — não se desloquem a estas regiões, porque são regiões onde, obviamente, o risco de haver eventos muito graves é enorme", declarou Paulo Rangel aos jornalistas, a partir de um hotel de Nova Iorque.
O ministro, que falava antes de um almoço com representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), à margem da 79.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi questionado em particular sobre a situação no Líbano.
"Para nós, a escalada, de facto, na zona do Líbano, de Israel, da Palestina, no fundo no Próximo Oriente e no Médio Oriente é altamente preocupante. Portanto, Portugal está muito preocupado", respondeu.
Só nas últimas horas, Israel realizou centenas de ataques no Líbano e matou pelo menos 356 pessoas, incluindo 21 crianças, segundo um balanço do Ministério da Saúde libanês. Mais de mil pessoas ficaram feridas no dia "mais mortífero" no Líbano desde o fim da guerra civil, em 1990.
O ministro referiu que para o Governo português "também a actuação de Israel nos colonatos na Cisjordânia é condenável" e que "essa não é uma posição nova, é uma posição que Portugal sempre teve sobre a expansão dos colonatos".
"Isso está a originar também reacções por parte do Hezbollah, que é uma força terrorista, não há como não o dizer, mas evidentemente que estamos numa situação extremamente perigosa", considerou.
Em relação aos portugueses residentes na região, Paulo Rangel salientou que "aqueles que quiserem regressar têm sempre soluções para regressar".
"Mas o apelo que eu faço é todos os outros, isto é, não aqueles que aí residem, com os quais nós estamos em contacto e temos uma relação permanente já há vários meses. É para aqueles que pensam deslocar-se para essa região", acrescentou, desaconselhando viagens "a não ser em caso de estrita necessidade"
"Este é um alerta que está dado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros desde Abril", recordou.