Os eleitores suíços rejeitaram no domingo uma proposta para obrigar as autoridades a fazer mais para proteger os habitats naturais da poluição e do desenvolvimento imobiliário, segundo os resultados preliminares de um referendo.
A chamada “iniciativa de biodiversidade”, que o Governo e o Parlamento já tinham rejeitado, previa a alteração da lei para reservar mais terras para conservação para além das áreas que já estão protegidas na república helvética. A iniciativa tem sido acompanhada de perto por conservacionistas fora do país, numa altura em que as preocupações com a perda de biodiversidade global estão a aumentar.
Num dos exercícios tradicionais de democracia directa da Suíça — os habituais referendos —, mais de 60% dos eleitores rejeitaram o plano, de acordo com um resultado projectado publicado pela emissora nacional SRF. A proposta também pretendia aumentar a protecção dos ecossistemas ameaçados num país conhecido pelos seus lagos cintilantes e montanhas cobertas de neve. A meio da tarde, a iniciativa tinha sido rejeitada por demasiados cantões para ser aprovada, segundo uma contagem oficial preliminar.
O Partido Verde suíço expressou desapontamento com os resultados e disse que mais precisa ser feito para proteger o ambiente, alertando que um terço de todas as espécies e metade de todos os habitats na Suíça estão ameaçados. “Este problema manter-se-á independentemente do resultado da votação”, afirmou o partido num comunicado.
Para os opositores, entre os quais o principal lobby agrícola do país, a iniciativa é demasiado exagerada e apresenta riscos para o progresso empresarial. As leis actuais da Suíça já têm em conta as necessidades de conservação ambiental, afirmam.
Nas últimas semanas, o apoio inicial do regime de biodiversidade nas sondagens de opinião deu lugar a um maior cepticismo, à medida que os opositores mobilizavam argumentos contra o mesmo.
No início deste ano, o principal tribunal de direitos humanos da Europa decidiu que a Suíça não estava a fazer o suficiente para conter o impacto das alterações climáticas. O Governo suíço nega esta alegação.