Arroz de cabidela (ou de pica no chão), arroz de tamboril, arroz de coelho, arroz de tomate molhadinho, arroz de feijão, arroz doce... No receituário nacional, o que não nos falta são iguarias em que o uso do arroz carolino é obrigatório. E o que seria de um bitoque se não chegasse servido com arroz, batata frita e ovo?

O arroz senta-se à mesa connosco diariamente, e o carolino é aquele que mais é produzido em território nacional. No entanto, ainda é aquele que é menos amado – uma amiga, sentada aqui ao meu lado enquanto escrevo estas linhas, de mão-cheia para a cozinha, confidencia-me que não gosta de usar carolino. Acabei de a aconselhar a ler o Edgardo Pacheco (como aconselho a toda a gente), que, nesta semana, nos explica as razões pelas quais o carolino é o patinho feio do arroz. Mas, tal como na fábula, eis que parece transformar-se num belo cisne. A partir de Janeiro, há uma variedade 100% portuguesa: o Caravela, "um carolino de confecção fácil, com um bago gordo, brilhante, com textura aveludada e aquela goma que absorve gulosamente qualquer caldo". E, para acabar com a ideia de que alguém não consegue o ponto de cozedura do carolino, o chef Vitor Sobral dá-nos uma ajuda e partilha connosco receitas que prometem ser infalíveis. Aqui em baixo: Arroz de lombinhos de porco do montado com cogumelos e sálvia (alguém a salivar além da escriba?).

 
           
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Malta é o destino para as férias de todos, e no seu território cabem tantas novas aventuras como as que conseguirmos sonhar.

 

         
           
 

Mas o cereal é mais do que aquilo que se apresenta no prato. Por isso, acaba de ser inaugurado (há precisamente uma semana) o espaço Fábrica da História – Arroz, em Estarreja, unidade museológica nascida da requalificação da antiga Hidro-Eléctrica, onde, como testemunharam Maria José Santana e Nelson Garrido, se procura "valorizar o bago que ainda cresce nos campos do Baixo Vouga Lagunar e preservar a memória das tradições".

Foram também as memórias que fizeram as vindimas deste ano no Soalheiro especiais. Afinal, foi há 50 anos que foi plantada a primeira vinha contínua de Alvarinho em Melgaço, parcela que recebeu o nome de Soalheiro. O resto é História, testemunharam Alexandra Prado Coelho e Paulo Pimenta, que perceberam que toda a comunidade ainda se junta na hora de colher os cachos "por paixão e vício".

Já no Algarve, dá-se graças por a tradição não ter vingado. É que a casta Negra Mole, que hoje dá origem a vinhos muito apetecidos e valorizados pelo turismo estrangeiro, foi durante muito tempo o parente pobre das vinhas. E Miguel Mimoso, enólogo residente da Arvad, em Estômbar, onde Clara Silva foi pôr mãos à obra, declara que a casta "é o sonho de qualquer enólogo". É que, explicou Miguel à Clara, a Negra Mole "tem uma grande variabilidade de cores no bago: mais brancos, mais rosados, mais tintos. Podemos tirar partido disso e tentar fazer um branco, um rosé, um tinto ou um base de espumante. É quase um sonho poder brincar com ela de todas as formas."

Nas vindimas também andou Pedro Garcias, onde percebeu que foi tão cringe — gíria inglesa para tudo o que seja ultrapassado ou provoque vergonha alheia — "como Nuno Melo, o ministro da Defesa e presidente do CDS, em relação a Olivença; ou como José Miguel Júdice quando, há umas semanas, durante a sua prelecção dominical na SIC, quis dar uma lição de deontologia jornalística à interlocutora de serviço, Nelma Serpa Pinto". E, neste regresso às crónicas semanais, garante-nos ainda que, este ano, "vai haver bom vinho".

O que parece calhar-nos sempre em bom são azeitonas. Mas, calma!, é preciso saber comprá-las. E Miguel Esteves Cardoso dá-nos um guia para não fazermos "asneira da grossa".

Ainda dentro de fronteiras, Bárbara Wong revisitou o Penha Longa para nos dar conta da renovação dos quartos, que manteve o foco no cliente de luxo, sem esquecer as famílias. Até porque, ali, no coração da Reserva Natural do Parque de Sintra-Cascais, "as crianças são muito bem-vindas".

Já se a ideia for partir à descoberta de territórios internacionais, Maria João Guimarães aconselha-nos a pôr no roteiro Chemnitz, a cidade alemã escolhida para acolher a Capital Europeia da Cultura em 2025, e onde há muito mais a conhecer "além do cabeçudo Karl Marx".

Boas fugas!