Homem detido em Itália pelo homicídio, há quase 50 anos, de duas mulheres na Austrália

Suzanne Armstrong e Susan Bartlett foram mortas em 1977. Suspeito da autoria do crime, que estava a viver num país que o protegia da extradição, foi finalmente detido.

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O emblema da Interpol, que emitiu um alerta vermelho à saída do suspeito da Grécia Edgar Su
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Um homem com cidadania grega e australiana foi detido em Itália esta quinta-feira por suspeita da morte de duas mulheres na cidade australiana de Melbourne, num caso que remota a 1977.

O suspeito, cuja identidade não foi divulgada, foi detido no aeroporto de Roma, à chegada a Itália, depois de um alerta vermelho da Interpol ter sido emitido à saída da Grécia, onde vivia há vários anos. O prazo de prescrição do crime de homicídio na lei grega é de 20 anos, pelo que o homem não teria sido extraditado para a Austrália.

As vítimas, Suzanne Armstrong e Susan Bartlett, foram encontradas mortas em Janeiro de 1977 num apartamento que alugavam na Easey Street, no bairro de Collingwood, em Melbourne.

Os corpos das duas mulheres, à data com 27 e 28 anos, respectivamente, exibiam ferimentos causados por dezenas de facadas. Segundo a polícia, citada pela televisão australiana ABC, Armstrong também foi encontrada com indícios de violência sexual. O seu filho, de apenas 16 meses, foi encontrado com vida noutro quarto do apartamento.

"Este é o caso arquivado mais grave e mais prolongado de Victoria", afirmou o comissário-chefe da polícia daquele estado australiano, Shane Patton, à ABC, sublinhando que se tratou de "um homicídio absolutamente macabro, horrível e tresloucado".

O suspeito foi identificado décadas depois pela polícia, relata a edição australiana do The Guardian, muitos anos após o arquivamento do caso por falta de provas. A investigação foi reaberta em 2011 e, em 2017, a polícia ofereceu uma recompensa de cerca de 1,5 milhões de euros a quem tivesse novas informações que pudessem levar à detenção do responsável.

"Duas mulheres que deveriam estar seguras na sua própria casa foram brutalmente assassinadas", disse o chefe da polícia, sublinhando que a resolução destes crimes, conhecidos como os "homicídios de Easey Street" e que foram objecto de inúmeros livros e podcasts, "sempre foram uma prioridade para a Polícia de Victoria e muitas pessoas trabalharam imenso para nos colocar na posição em que nos encontramos actualmente".

Em comunicado, as famílias das vítimas afirmaram que foi difícil entender a morte de Armstrong e Bartlett. "Para duas famílias pacatas do interior de Victoria, foi sempre impossível compreender a forma desnecessária e violenta como Suzanne e Susan morreram", lê-se no comunicado das famílias, citado pela Sky News Australia. "A gravidade das circunstâncias que envolveram as suas mortes mudou irreversivelmente as nossas vidas", acrescentam as famílias, que agradeceram à polícia do estado pela sua "perseverança e dedicação".

A extradição do suspeito para a Austrália não deverá acontecer imediatamente, indicam as autoridades australianas, que terão agora de apresentar e justificar formalmente o pedido perante a justiça italiana.

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