Caixa e BPI acabam com balcões móveis no país
Só o BCP mantém uma viatura. Serviço de banca móvel foi criado para compensar o fecho de balcões em regiões menos povoadas.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o BPI acabaram recentemente com os balcões móveis, criados para minimizar o impacto do encerramento de agências em zonas menos povoadas, com destaque para o interior do país. Resta apenas o serviço do BCP, avançou o Expresso esta semana.
A CGD iniciou o serviço móvel em 2017 e chegou a disponibilizar três carrinhas nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Portalegre. “As agências móveis, com o passar do tempo, perderam o impacto que tinham na actividade e, assim, a manutenção do serviço deixou de fazer sentido”, explicou o banco presidido por Paulo Macedo ao Expresso.
Citado pelo semanário, o banco público refere ainda que “a decisão de descontinuação das agências móveis ocorreu recentemente, à semelhança de serviços prestados por concorrentes da Caixa, depois de o serviço ter registado uma quebra muito significativa, dado que estavam, por força da lei, condicionadas na prestação de serviços”, indica, lembrando que não podia prestar “serviço de tesouraria ou transporte de dinheiro”.
Também o único balcão móvel do BPI, que circulava pela costa alentejana, mais especificamente por Torrão, Ermidas do Sado e Vila Nova de Santo André, e que incluía a possibilidade de movimentação de dinheiro, com uma caixa self-service, com depósitos e trocas de notas e moedas, deixou de circular. “Tratava-se de um projecto-piloto, como foi anunciado, sujeito à confirmação da sua viabilidade, que não se verificou. O projecto não foi desenvolvido porque não gerou suficiente procura”, disse o BPI ao Expresso.
Neste momento está em serviço apenas uma carrinha do BCP, que opera noutra zona crítica de falta de serviços bancários no país, Vila Real e Montalegre.
“O balcão móvel do Millennium BCP opera em duas localidades: Ribeira de Pena (Vila Real) às segundas-feiras e Salto (Montalegre) às sextas-feiras, das 9h30 às 13h30”, disse o BCP ao jornal.
O último relatório de Avaliação da Cobertura da Rede de Caixas Automáticas e Agências Bancárias, elaborado pelo Banco de Portugal, dava conta de um aumento, de 24 para 30, do número de freguesias, todas nos distritos de Bragança e de Vila Real, onde “uma eventual contracção da rede [balcões e caixas automáticas] poderá revelar-se mais crítica”. Os dados do relatório, elaborado de dois em dois anos, são referentes a 2022, e mostram a elevada concentração de serviços nos centros urbanos, em contraste com o interior do país.
Nesse documento, o supervisor bancário dava conta de que as perspectivas eram negativas: “Tendo em conta as declarações dos responsáveis dos principais bancos, é muito provável que o esforço de racionalização continue nos próximos anos. No limite, a inevitável substituição dos canais tradicionais, especialmente das agências, por instrumentos tecnológicos alternativos poderá constituir um desafio, sobretudo em matéria de inclusão financeira, e culminar numa situação subóptima em termos de distribuição de numerário”, referia regulador.