Israel lança bombardeamento mais forte ao Líbano em quase um ano

Aviões israelitas fizeram 52 ataques aéreos nos bombardeamentos desta noite, atingindo vários pontos do sul do Líbano.

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Israel realizou uma barragem de bombardeamentos aéreos esta noite no sul do Líbano Israel Defense Forces / VIA REUTERS
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Aviões de guerra israelitas realizaram na noite desta quinta-feira os ataques mais intensos no sul do Líbano em quase um ano de guerra, aumentando o conflito entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah em meio a pedidos de contenção.

Os ataques intensos desta noite seguiram-se aos ataques do início da semana, atribuídos pelo Líbano e pelo Hezbollah a Israel, que fizeram explodir rádios e pagers do Hezbollah, matando 37 pessoas e ferindo cerca de 3000 no Líbano.

Na operação tardia de quinta-feira, os militares israelitas afirmaram que os seus jactos atingiram, durante duas horas, centenas de lança-foguetes múltiplos no sul do Líbano, que estavam prontos a ser disparados imediatamente contra Israel.

O bombardeamento incluiu mais de 52 ataques em todo o sul do Líbano depois das 21 horas (18h00 em Portugal Continental), disse a agência noticiosa estatal libanesa NNA. Três fontes de segurança libanesas contaram que estes foram os ataques aéreos mais fortes desde que o conflito começou em Outubro. Não há informações de haja quaisquer vítimas.

As forças armadas israelitas prometeram continuar a atacar o Hezbollah e afirmaram que os seus ataques durante toda a quinta-feira atingiram cerca de 100 lançadores de foguetes e outros alvos no sul do Líbano.

O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou num discurso televisivo na quinta-feira que as explosões de dispositivos na terça e na quarta-feira "ultrapassaram todas as linhas vermelhas".

"O inimigo ultrapassou todos os controlos, leis e moral", disse, acrescentando que os ataques "podem ser considerados crimes de guerra ou uma declaração de guerra".

Israel não comentou directamente as detonações de pagers e de rádios, que, segundo fontes de segurança, terão sido provavelmente levadas a cabo pela agência de espionagem Mossad, que tem um longo historial de ataques sofisticados em solo estrangeiro.

A missão libanesa junto da ONU afirmou, numa carta dirigida ao Conselho de Segurança, que Israel foi responsável pela detonação dos engenhos através de mensagens electrónicas e de explosivos implantados nos mesmos antes da sua chegada ao Líbano, em conformidade com as teorias que circularam desde as explosões.

O Conselho de Segurança, composto por 15 membros, deverá reunir-se na sexta-feira para debater as explosões. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, apelou ao Conselho de Segurança para que tome uma posição firme para travar a "agressão" e a "guerra tecnológica" de Israel.

Israel diz que o Hezbollah vai pagar "preço cada vez maior"

Enquanto a emissão de Nasrallah ia para o ar, os ensurdecedores estrondos sónicos dos aviões de guerra israelitas abalaram Beirute, um som que se tornou comum nos últimos meses, mas que adquiriu maior significado com o aumento da ameaça de uma guerra total.

O Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou na quinta-feira que Israel vai manter a acção militar contra o Hezbollah.

" Na nova fase da guerra existem oportunidades significativas, mas também riscos significativos. O Hezbollah sente que está a ser perseguido e a sequência de acções militares vai continuar", afirmou Gallant numa declaração.

"O nosso objectivo é garantir o regresso seguro das comunidades do norte de Israel às suas casas. Com o passar do tempo, o Hezbollah pagará um preço cada vez maior", disse Gallant.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reuniu entretanto o seu círculo de ministros para consultas, informou o Canal 13 de notícias de Israel.

Dois soldados israelitas foram mortos em combate na quinta-feira no norte de Israel, informou o exército israelita.

"Grande golpe duro"

O Hezbollah disparou mísseis contra Israel no dia seguinte ao ataque transfronteiriço de 7 de Outubro do grupo militante palestiniano Hamas, que desencadeou a guerra de Gaza.

Desde então, têm-se registado constantes trocas de tiros, que, embora nenhuma das partes tenha permitido que se transformasse numa guerra em grande escala, levou à evacuação de dezenas de milhares de pessoas da zona fronteiriça de ambos os lados.

Nasrallah disse que o Hezbollah esperava que as tropas israelitas entrassem no sul do Líbano, porque isso criaria uma "oportunidade histórica" para o grupo apoiado pelo Irão.

Nenhuma escalada militar, matança, assassínio ou guerra total faria regressar os residentes israelitas à zona fronteiriça, acrescentou.

Israel enfrentará "uma resposta esmagadora do eixo da resistência", disse o comandante dos Guardas Revolucionários do Irão, Hossein Salami, a Nasrallah na quinta-feira, segundo a imprensa estatal, referindo-se a uma coligação de grupos militantes alinhados com o Irão, incluindo o Hezbollah, os Houthis do Iémen, o Hamas e grupos armados no Iraque e na Síria.

Falando em Paris, o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, apelou à contenção, acrescentando que não queria ver uma escalada de acções por qualquer das partes que tornasse mais difícil um acordo de cessar-fogo em Gaza.

A Casa Branca afirmou que é possível e urgente encontrar uma solução diplomática e o Reino Unido apelou a um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hezbollah. Os EUA estão "receosos e preocupados com uma potencial escalada", disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, num briefing.

Os ataques aos equipamentos de comunicação do Hezbollah semearam o medo em todo o Líbano, com as pessoas a abandonarem os aparelhos electrónicos por receio de transportarem bombas nos bolsos.

Nasrallah disse que milhares de pagers tinham sido alvos simultâneos, com algumas das explosões a ocorrerem em hospitais, farmácias, mercados, lojas e ruas ocupadas por civis, mulheres e crianças.

Israel afirma que o seu conflito com o Hezbollah, tal como a sua guerra em Gaza contra o Hamas, faz parte de um confronto regional mais vasto com o Irão, que patrocina ambos os grupos, bem como movimentos armados na Síria, Iémen e Iraque.

Israel tem sido acusado de assassinatos, incluindo uma explosão em Teerão que matou o líder do Hamas e outra num subúrbio de Beirute que matou um comandante sénior do Hezbollah com poucas horas de diferença, em Julho.