Vendas de casas travam queda e voltam a disparar, preços aceleram

Os preços de venda das casas em Portugal aumentaram 7,8% no segundo trimestre de 2024, o que representa uma aceleração em relação ao que tinha sido registado no início do ano. Vendas disparam.

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Venderam-se mais de 37 mil casas no segundo trimestre de 2024 Daniel Rocha
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Ao fim de dois anos de quedas no número de vendas de casas e no montante total transaccionado neste sector, o mercado voltou a crescer, e a um ritmo acelerado, com aumentos na casa dos dois dígitos. Isto, numa altura em que os preços voltam a aumentar de forma mais expressiva, com uma subida perto dos 8%, depois de um abrandamento no início deste ano.

Os dados foram divulgados, nesta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no segundo trimestre deste ano, o índice de preços da habitação registou uma variação de 7,8% face a igual período do ano passado. É uma aceleração em relação ao aumento de 7% que tinha sido registado no trimestre anterior, interrompendo-se, assim, a tendência de abrandamento que tinha vindo a registar-se desde meados do ano passado. Esta evolução fica a dever-se, sobretudo, ao comportamento dos preços de venda das casas existentes, que aumentaram em 8,3%, enquanto as habitações novas sofreram um aumento de 6,6%.

Também em cadeia se verifica uma aceleração evidente e, no segundo trimestre deste ano, os preços aumentaram em 3,9% em relação aos primeiros três meses de 2024, uma taxa de variação que fica muito acima daquela que tinha sido registada no primeiro trimestre, quando os valores ficaram praticamente estagnados, aumentando apenas 0,6%.

Estes valores são registados num período em que foram vendidas 37.125 casas em Portugal, por um montante superior a 7,8 mil milhões de euros, números que representam aumentos de 10,4% e 14%, respectivamente, em relação ao segundo trimestre do ano passado. É a primeira vez que registam aumentos nestes dois indicadores desde meados de 2022, pondo-se fim a um ciclo de contracção do mercado que, ainda assim, não tem sido suficiente para travar os preços.

Desta forma, no conjunto do primeiro semestre deste ano, venderam-se 70.202 casas em Portugal, por mais de 14,6 mil milhões de euros, o que corresponde a aumentos anuais de 3% e 6%, respectivamente.

Já o preço médio de cada habitação, considerando o número de vendas e o montante total transaccionado, fixou-se em 212 mil euros, um novo recorde neste série estatística do INE, que recua até 2009.

Lisboa representa um terço do mercado

A tendência de crescimento do mercado foi transversal a todo o país, com subidas a dois dígitos em quase todas as regiões, à excepção do Algarve, onde as vendas de casas caíram.

A região da Grande Lisboa manteve-se como a principal do mercado habitacional português, respondendo por quase um terço do valor total transaccionado. Ao todo, venderam-se 7031 casas nesta região durante o segundo trimestre, por mais de 2,5 mil milhões de euros, o equivalente a 32% do total a nível nacional.

Segue-se o Norte, onde foram vendidas 10.995 casas durante o período em análise, por mais de 1,9 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 24% do mercado.

Em sentido contrário aos movimentos registados no resto do país, o número de vendas caiu em quase 4% no Algarve, transaccionando-se 2836 casas no segundo trimestre. Ainda assim, a subida de preços foi suficiente para levar a um aumento de 2,6% no montante transaccionado, que ultrapassou os 912 milhões de euros.

Compradores nacionais suportam crescimento

A contribuir para o aumento das vendas e do montante total transaccionado estiveram, sobretudo, os compradores nacionais, que continuam a representar a larga maioria do mercado, ainda que os compradores estrangeiros tenham um peso significativo no aumento do preço médio das casas, pela discrepância de valores desembolsados entre uns e outros.

No segundo trimestre, os compradores com domicílio fiscal em Portugal foram responsáveis pela aquisição de 34.661 casas, por um montante total de cerca de 7 mil milhões de euros, valores que correspondem a aumentos de 11,5% e 16%, respectivamente, em relação ao ano passado.

Já os compradores com domicílio fiscal no estrangeiro compraram 2464 (o equivalente a 6,6% do mercado) por 870 milhões de euros (11% do total transaccionado a nível nacional). Estes números correspondem a quebras anuais de 2,8% e 0,12%, respectivamente.

Ainda assim, os estrangeiros continuam a pagar, em média, quase o dobro daquilo que é pago pelos nacionais por uma casa. No segundo trimestre, os compradores com domicílio em Portugal desembolsaram um valor médio de 202 mil euros por habitação (abaixo da média geral, que ficou nos 212 mil euros), enquanto os estrangeiros pagaram mais de 353 mil euros.

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