Uma greve? Jogadores reclamam alívio do calendário competitivo

Rodri, médio de um dos clubes com mais jogos na agenda, não descarta o cenário de uma paralisação. Treinadores juntam-se aos protestos.

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Rodri, médio espanhol do Manchester City, no jogo com o Inter Milão Lee Smith / ACTION IMAGES VIA REUTERS
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A preocupação não é nova mas está a a atingir um ponto de ruptura. Quantos mais jogos conseguirão aguentar os futebolistas numa só temporada? Com o aumento do volume competitivo, têm crescido as vozes a pedir uma mudança e a pressionarem a FIFA a aliviar a carga que torna os futebolistas cada vez mais vulneráveis a lesões.

Quando, no lançamento do Manchester City-Inter Milão, da 1.ª jornada da Champions, perguntaram a Rodri se considerava a hipótese de entrar em greve, a resposta foi esta. “Julgo que estamos próximos disso. Se isto continuar assim, chegará a uma altura em que não teremos outra opção”, afirmou o médio espanhol, que em 2023-24 acumulou 63 jogos em 343 dias.

É um cenário que começa a ser cada vez mais comum nos plantéis das maiores equipas. Nesta época, a primeira fase da Liga dos Campeões terá mais dois jogos do que tem sido hábito e, no próximo Verão, o Mundial de clubes passa a contar com 32 equipas — logo, mais jogos, prolongando-se até 13 de Julho.

Um dos últimos relatórios da FIFpro (sindicato internacional de futebolistas profissionais) traça a linha vermelha para cada jogador na baliza entre os 50 e os 60 jogos/época, dependendo da idade. Mas o paradigma do futebol actual, com novas provas e a reformatação das já existentes, tem agravado a preocupação com a sobrecarga.

Peguemos, então, no exemplo do Manchester City para percebermos o que está em causa: em 2024-25, o clube britânico arrisca-se a disputar nada menos do que 76 encontros, distribuídos por Premier League, Taça de Inglaterra, Taça da Liga, Liga dos Campeões, Supertaça inglesa e Mundial de Clubes. Isto sem contar com os jogos que os futebolistas acumularão nas selecções.

A preocupação, naturalmente, não é exclusiva dos futebolistas e o reacendimento do tema motivou comentários de alguns treinadores. De Enzo Maresca, do Chelsea (“Não penso que se esteja a proteger os jogadores”) a Pep Guardiola, do City (“O negócio pode prosseguir sem treinadores, directores desportivos, media, donos dos clubes, mas não pode continuar sem jogadores”).

O belga Vincent Kompany, actual técnico do Bayern Munique, aponta numa direcção em concreto: “A solução que sempre defendi é fixar um limite do número de jogos que os jogadores podem disputar. E fixar um período obrigatório de férias”.

Nuri Sahin, homólogo do Borussia Dortmund, acrescenta: “Treinadores como Jürgen Klopp ou Guardiola têm-se queixado ao longo dos anos. Mas nada mudou até agora. Se os organismos ou os dirigentes não se preocupam com isto, teremos de ser nós a preocupar-nos”.

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