Espessura
Toda esta aversão à matéria, este equívoco que nos desliga da materialidade do mundo, é parte do mal-estar ecológico que vivemos.
Andamos a eliminar a espessura às coisas, a torná-las apenas superfícies, amplas, polidas, nanotecnológicas, a caminho de um quase nada de largura. São exemplos de objectos assim, desproporcionadamente superficializados, os smartphones, os televisores de diagonal com muitas polegadas, os ecrãs imensos dos automóveis mais caros, os relógios que são um ressalto da pele no pulso, os laptops finos que não pesam um quilo (um modelo até foi baptizado Surface, e outro gram), também as “grandes superfícies” onde fazemos compras, as superfícies sintéticas das edificações, escovadas de patine, brilho sem idade, como a nossa pele desenrugada até o dia da morte.
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