Basta prender os pirómanos e abater os eucaliptos

A superficialidade da tese dos bodes expiatórios impede-nos de encarar com realismo a verdadeira natureza do problema da floresta (ou da saúde): a incapacidade do país de executar reformas profundas.

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Procurar respostas simples para problemas complexos e aflitivos faz parte da natureza humana. É por isso compreensível que o primeiro-ministro tenha procurado aliviar as dores dos fogos dos últimos dias prometendo perseguir os pirómanos que os alegadamente ateiam. Ou que os cruzados contra o eucalipto regressem em toda a força para, em jeito de fé, denunciarem uma vez mais a origem da destruição do mais importante recurso renovável do país. Pode soar bem, mas este perigo de simplificar os problemas pelo recurso a bodes expiatórios cheira mal. É como assobiar para as árvores, uma distração que nos desfoca da raiz profunda dos males. E nos leva a acreditar que basta a lei e a vontade do Estado para que se possa regressar ao mundo idílico das florestas naturais onde havia pastores de dia e lobos e raposas à noite.

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