Polícia Judiciária procura suspeitos de provocar incêndio que matou brasileiro

Já há um preso por suspeita de ter ateado fogo na região de Aveiro. O pernambucano Carlos Eduardo Neves foi cercado pelas chamas quando tentava recuperar um trator da empresa para a qual trabalhava.

Foto
Carlos Eduardo Neves, que perdeu a vida em um incêndio em Portugal e deixa uma filha Divulgação
Ouça este artigo
00:00
02:51

Os artigos escritos pela equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou IOS.

A Polícia Judiciária (PJ) de Portugal está à procura de suspeitos de terem ateado fogo na região em que morreu o brasileiro Carlos Eduardo Neves, de 28 anos. Ele foi engolido pelas chamas na tarde de segunda-feira (16/09), quando tentava salvar maquinários da empresa para a qual trabalhava.

Na quarta-feira, o incêndio em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, ainda não tinha sido dominado pelos bombeiros, mas a PJ, que equivale à Polícia Federal brasileira, já tinha detido um dos suspeitos. Mais de 10 mil hectares queimaram desde segunda-feira na região.

A polícia não confirma se a pessoa presa é a responsável pelo fogo que vitimou o pernambucano, conhecido como Chantilly Papai. “Houve muitos focos de incêndio em Albergaria-a-Nova. Tudo está em investigação”, afirma uma fonte da PJ.

Nos últimos seis dias houve mais de 600 focos de incêndio em Portugal. Há suspeitas de que muitos deles têm origem criminosa. Como exemplo, de segunda-feira para terça, 41 focos surgiram em regiões florestais pouco habitadas. Sete pessoas morreram nos incêndios florestais desta semana, das quais cinco eram bombeiros.

Comoção

A morte de Carlos Eduardo provocou reações de pesar tanto do governo português quanto do brasileiro. Na quarta-feira, Rui Armindo Freitas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (equivalente à Casa Civil, do Brasil) de Portugal, lembrou o imigrante pernambucano no país. “Carlos Eduardo, o cidadão brasileiro que estava em Portugal a lutar por uma vida melhor e que morreu ao lado dos portugueses, a lutar por Portugal”, disse.

O governo brasileiro publicou uma nota em que refere a morte do brasileiro. Além de manifestar pesar pelos mortos e feridos e pelas perdas materiais dos fogos, “registrou com grande tristeza o falecimento de vítima brasileira de acidente relacionado aos incêndios que assolam o país europeu”.

Há cinco anos em Portugal, Carlos Eduardo Neves nasceu na comunidade do Coque, em Recife, e era o mais novo de 16 irmãos. Uma de suas irmãs, Eduarda Neves, vive no Porto; outra, na Suíça. Ele deixou uma filha de apenas um ano.

Vivendo no Bairro da Severa, na Trofa, o brasileiro trabalhava numa empresa de gestão florestal em Albergaria-a-Velha, a cerca de 14 quilômetros de distância. Durante o verão, Carlos Eduardo atuava como ambulante, percorrendo as praias da região de Ovar para vender bolas de Berlim — uma espécie de sonho com recheio de creme de ovo. Comer sonhos na praia é uma tradição portuguesa.

Foto
Carlos Eduardo Neves trabalhava numa empresa de gestão florestal Divulgação

Ele tinha um canal no Youtube, com mais de 37 vídeos, onde aparecia como Chantilly Papai, apelido que ganhou nas festas que organizava na comunidade do Coque, em Recife. Era conhecido na região de Ovar como carnavalesco e adorava dançar. Ele tinha se mudado para Portugal em busca de uma vida melhor.

Sugerir correcção
Comentar