Depois de perder a maioria, Trudeau enfrenta moção de desconfiança no Parlamento do Canadá

Favoritos nas sondagens, conservadores agendam moção para a próxima semana para tentar derrubar o Governo e provocar eleições antecipadas. Nacionalistas do Quebeque devem salvar o primeiro-ministro.

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Apresentação da moção foi revelada por Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador Blair Gable / REUTERS
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O Governo do Canadá, liderado por Justin Trudeau, do Partido Liberal (LPC, centro-esquerda), vai enfrentar na próxima semana o primeiro grande desafio desde que perdeu o apoio do Novo Partido Democrático (NDP, esquerda) e ficou em minoria na Câmara dos Comuns do Parlamento.

Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador (CPC, centro-direita), confirmou na quarta-feira que vai apresentar uma moção de desconfiança ao primeiro-ministro e ao executivo liberal na terça-feira da próxima semana, para ser votada no dia seguinte.

Se a moção for aprovada pela maioria (170) dos deputados na câmara baixa do Parlamento canadiano, o país terá de realizar eleições antecipadas — as próximas legislativas estão agendadas para Outubro do próximo ano.

De acordo com uma publicação de Poilievre no X (antigo Twitter), a moção dirá apenas: "A Câmara não tem confiança no primeiro-ministro e no Governo." Em declarações aos jornalistas, o líder conservador justificou, ainda assim, a moção como uma resposta a uma política ambiental concreta dos liberais e disse querer fazer do próximo acto eleitoral "uma eleição ao imposto sobre o carbono".

Segundo a maioria das sondagens, o CPC é o principal favorito à vitória num cenário de eleições antecipadas. Actualizado no passado domingo, o poll tracker da CBC News atribui 43% das intenções de voto aos conservadores e apenas 24% ao LPC.

Nas posições seguintes estão o NDP, com 17%; o Bloco Quebequense (BQ, nacionalistas do Quebeque, centro-esquerda), com 8%; os Verdes (ecologistas), com 5%; e o Partido Popular (PPC, direita radical), com 2%.

No poder desde 2015, o partido de Trudeau enfrenta um período de impopularidade e de cansaço, mas recusa antecipar as eleições. Depois de ter perdido o apoio dos 25 deputados do NDP, o LPC ficou com apenas 154 deputados numa câmara com 338 membros; ou seja, precisa do apoio da oposição para passar legislação, para aprovar o Orçamento do Estado ou para ultrapassar moções de desconfiança.

Com as atenções viradas para o NDP — que deixou de apoiar o Governo por considerar que Trudeau não cumpriu os seus compromissos em matéria de políticas sociais e de investimento público, e que disse que vai avaliar caso a caso qualquer moção ou votação no Parlamento —, o BQ já veio, no entanto, dizer que não vai votar a favor da iniciativa dos conservadores.

Citado pela CTV News, Yves-François Blanchet, líder do partido nacionalista e independentista do Quebeque, disse aos jornalistas que o BQ representa os quebequenses e não os conservadores. "Já tivemos esta conversa muitas vezes. A moção não contém absolutamente nada. Basicamente, pergunta: 'Gostaria de substituir Justin Trudeau por Pierre Poilievre?'. Por isso, a resposta é 'não'", afiançou.

Esclarecendo que essa posição não significa que o partido tenha confiança no primeiro-ministro, Blanchet disse, ainda assim, que está "razoavelmente confiante" de que tem capacidade para convencer e influenciar o Governo liberal a adoptar algumas prioridades políticas do BQ.

O partido nacionalista da província do Quebeque chega a esta moção bastante motivado e acredita ter como trunfo negocial a vitória na eleição suplementar realizada na segunda-feira em LaSalle-Émard-Verdun, na zona sudoeste da cidade de Montreal.

Bastião do LPC, que, nas eleições legislativas de 2021, venceu ali com o dobro dos votos do candidato do BQ, o círculo eleitoral foi agora perdido para os nacionalistas quebequenses por pouco mais de 240 votos, atestando a insatisfação do eleitorado das zonas urbanas com os liberais, numa altura em que o custo de vida e os preços da habitação continuam a aumentar.

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