O Norte e parte da zona centro do país estão sob uma nuvem pesada de dióxido de carbono, dióxido de enxofre e dióxido de azoto que explica a fraca qualidade do ar que se regista nestas regiões.
As imagens compostas pela plataforma Windy.com com os dados disponibilizados pelo programa Copérnico, um enxame de satélites de observação da Terra, mostram uma enorme esfera avermelhada de concentrações máximas de dióxido de carbono que se estende de Arcos de Valdevez a Coimbra; e de Freixo de Espada à Cinta até ao oceano, ao largo do Porto.
Enquanto o resto do país regista uma concentração de dióxido de carbono que ronda os 150 ppbv (parte por mil milhão por volume, uma unidade de medida que mede a concentração de uma substância), na região norte ela chega perto dos 7000 ppbv. Essa é a concentração medida, por exemplo entre Castelo de Paiva, Cinfães e Arouca. Em Águeda, um dos pontos quentes do combate às chamas nos últimos quatro dias, a concentração de dióxido de carbono também ultrapassa as 1700 ppbv.
O fenómeno repete-se com outras substâncias presentes na atmosfera geradas pelos incêndios naquelas regiões. A concentração de dióxido de azoto também ultrapassa os 27 microgramas por metro cúbico de ar perto de Vizela, quando no Alentejo, onde não há fogos a combater, ronda 1,56 microgramas por metro cúbico. E enquanto mais a sul a concentração de dióxido de enxofre ronda os 1,3 microgramas por metro quadrado, em Braga a concentração fica perto dos 14.
A concentração de aerossóis também é muito superior no Norte e zona centro ao que se constata no resto do país: em Lisboa é de 0.417 AOD (profundidade óptica do aerossol, a unidade que mede a quantidade de radiação solar que não chega ao solo por causa da presença dessas partículas), mas no Porto é 2.309 AOD e em Braga ronda os 3.055 AOD. AS PM2.5 (partículas finas em suspensão com um diâmetro inferior a 2,5 micrómetros) também têm uma concentração de 17 microgramas por metro cúbico em Lisboa, mas de 100 nas regiões afectadas pelos incêndios de maiores dimensões.