Incêndios duplicaram recorde de emissões de carbono em Portugal em Setembro

Pelo menos até dia 25, as condições da atmosfera vão continuar más, com particulas em suspensão que têm efeitos nocivos para saúde respiratória e cardíaca, anuncia Copérnico.

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Fumo do incêndio em Castro Daire Pedro Nunes/REUTERS
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As emissões de carbono dos incêndios florestais dos últimos dias em Portugal são quase duas vezes maiores do que em 2003, o anterior com os piores valores para Setembro: 1,9 megatoneladas (milhões de toneladas) de carbono, até 18 de Setembro, quando o recorde anterior era de mil megatoneladas, anunciou o serviço de observação da Terra da União Europeia Copérnico.

Este é o pior valor para Portugal em 22 anos de dados do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copérnico, e o total estimado das emissões de carbono pode ser usado como um indicador para avaliar a intensidade dos incêndios.

E mesmo que a chuva que está prevista chegar ajude a apagar os incêndios, o que se espera é que a qualidade do ar se degrade ainda mais nos próximos dias no Norte de Portugal, em resultado dos incêndios.

Emissões de carbono dos últimos incêndios CAMS/ECMWF

As plumas de fumo que têm origem nos incêndios rurais têm estado a dirigir-se para o oceano Atlântico, mas o que se prevê é que nos próximos dias haja uma recirculação que traga o fumo e as partículas de poluição de volta para terra, para o Norte da Península Ibérica, para viajarem através da Baía da Biscaia para o Oeste de França.

“Os nossos dados mostram que há um claro aumento das emissões relativas aos incêndio e aos impactos do fumo na composição da atmosfera e na qualidade do ar, o que reflecte a intensidade com que rapidamente se desenvolveram estes incêndios devastadores no Norte de Portugal”, comentou o cientista Mark Parrington, do serviço de monitorização da atmosfera do Copérnico, citado no comunicado de imprensa.

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A concentração de partículas finas PM 2,5 no Norte de Portugal deve continuar elevada pelo menos até dia 25 de Setembro, em resultado dos incêndios, continuando a neblina poeirenta.

Estas partículas são minúsculas, com diâmetro mais reduzido do que 2,5 micrómetros, e têm significativos riscos para a saúde. Por serem tão pequenas, conseguem penetrar bem fundo no sistema respiratório e até no fluxo sanguíneo e estão associadas a problemas como bronquite, ataques de asma e doenças cardíacas, além de outras doenças crónicas, se a exposição for crónica.

Prevê-se igualmente uma grande quantidade de partículas PM10, ou seja, de 10 micrómetros ou menos de diâmetro, que têm igualmente efeitos sobre a saúde respiratória, cardíaca e circulatória.

Nos anos de grandes incêndios, as florestas, que normalmente são sumidouros (absorvem) dióxido de carbono da atmosfera, contribuindo para atenuar o aquecimento global e as alterações climáticas, podem deixar de absorver carbono. Isso já aconteceu, por exemplo, em 2003 e 2005, devido aos graves incêndios florestais desses anos, e também em 2017. Neste último ano, o dos incêndios de Pedrógão, em Junho e mais tarde, em Outubro, as emissões dos incêndios corresponderam a 12% do total das emissões do país.