Primeiro-ministro francês revelou que a situação orçamental do país é “muito grave”
Michel Barnier afirmou que quer “retomar o caminho do crescimento e elevar o nível de vida dos franceses”, admitindo uma subida de impostos que é impopular na sua base de apoio.
O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, afirmou esta quarta-feira que “a situação orçamental do país é muito grave”, numa altura em que prepara a apresentação do Orçamento do Estado, com entrega prevista no Parlamento para dia 9 de Outubro.
O líder indigitado do executivo, que se encontra na fase de negociações para formar o seu Governo, afirmou numa declaração citada pela imprensa francesa que pediu "toda a informação necessária para avaliar a realidade exacta” da situação financeira do país, sublinhando que "merece mais do que conversa fiada” e “exige responsabilidade”.
Barnier sublinhou ainda que o seu “principal objectivo” é “retomar o caminho do crescimento e elevar o nível de vida dos franceses”, apesar de afirmar que França é “o país com a carga fiscal mais elevada”.
O secretário-geral do Partido Socialista (PS) francês, Olivier Faure, acusou os “governos Macron” de protagonizarem “a pauperização do Estado” com as suas políticas fiscais.
“É preciso tributar as grandes fortunas e os grandes lucros que continuaram a crescer enquanto a grande maioria dos franceses viu o seu poder de compra diminuir”, acusou Faure na sua conta na rede social X.
Jordan Bardella, líder do partido de extrema-direita União Nacional, defendeu a criação de uma “grande comissão para auditar as contas do país”, algo que disse que o seu partido já tinha solictado antes.
“Quando pedimos uma auditoria às finanças do Estado durante as eleições legislativas, conscientes de que a situação orçamental da França era preocupante, disseram-nos que estava tudo sob controlo”, escreveu Bardella na rede social X.
O novo Governo liderado por Barnier e cuja composição deverá ser conhecida no fim-de-semana está incumbido de apresentar o Orçamento do Estado para 2025, um importante crivo para determinar por quanto tempo sobreviverá o seu executivo.
A entrega da Lei das Finanças Anuais, nome dado à lei orçamental em França, tem de ser feita até à primeira terça-feira de Outubro, que este ano calha no dia 1. No entanto, Barnier pretende entregar o orçamento no dia 9, oito dias depois.
Barnier, segundo afirmou uma fonte próxima à franceinfo, estará disposto a aumentar impostos para tentar atingir “uma maior justiça fiscal”, algo corroborado pelo ainda ministro do Interior, Gérald Darmanin, a quem o primeiro-ministro indigitado terá dito, numa reunião no passado dia 14, que iria “aumentar os impostos”.
Para o porta-voz d’Os Republicanos (partido de Barnier), Vincent Jeanbrun, “o facto de Michel Barnier ter aberto um debate sobre uma maior justiça fiscal no nosso país é um mérito” do primeiro-ministro.
A possibilidade de uma subida dos impostos é impopular entre as principais figuras do partido de Macron, que têm demonstrado algum cepticismo em relação a essa medida. "De que aumento de impostos estamos a falar? De que precisamos de combater os efeitos do rentismo? Estamos de acordo quanto a isso, mas quando ouço falar em aumentar os impostos aos mais ricos, de que estamos a falar?", disse a deputada Prisca Thevenot, em declarações à franceinfo.
Gabriel Attal, primeiro-ministro demissionário e líder do grupo parlamentar do Juntos pela República, enviou uma mensagem ao seu grupo parlamentar, segundo o jornal Le Monde, que tinha pedido a Barnier para se reunir antes da formação do governo para ter uma “visão clara da linha política - nomeadamente sobre eventuais aumentos de impostos - e dos grandes equilíbrios do governo”.