Climáximo responsabiliza empresas de fabrico de papel pelos incêndios em Portugal

A sede da Navigator foi escolhida para uma acção de protesto pela “responsabilidade acrescida nas mortes”, diz um comunicado do movimento, por ser uma das empresas que mais emite gases de estufa.

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Já morreram sete pessoas e 40 ficaram feridas ADRIANO MIRANDA
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Apoiantes do movimento ambientalista Climáximo cobriram esta terça-feira a fachada da sede da empresa de celulose Navigator, em Lisboa, com cartazes que responsabilizam as empresas de fabrico e comercialização de papel pelos incêndios em Portugal e as suas consequências

"Quem matou as pessoas em Albergaria-a-Velha?" e "Governos e CEO [administradores de empresas] mataram três pessoas. Vais consentir ou vais resistir?" [o número de mortes subiu já para sete] são algumas das frases dos cartazes que o Climáximo colocou na fachada daquela empresa situada junto ao Saldanha, em Lisboa.

"As mortes e a destruição destes incêndios que estão a devastar Portugal são uma consequência directa da crise climática e têm culpados claros", diz Leonor Canadas, porta-voz desta acção do Climáximo, num comunicado de imprensa. Acusa "os governos e as empresas que há décadas sabiam que as suas acções de queima de combustíveis fósseis matariam pessoas, e decidem continuar a investir nesta indústria de morte".

O movimento declara-se "solidário com todas as vítimas dos fogos" e apela a que "Pedrógão Grande não seja repetido Climáximo
"Quem matou as pessoas em Albergaria-a-Velha?" e "Governos e CEO (de empresas) mataram três pessoas. Vais consentir ou vais resistir?" - são algumas das frases dos cartazes que o Climáximo colocou Climáximo
A Protecção Civil estima que arderam pelo menos 10 mil hectares na Área Metropolitana do Porto e na região de Aveiro Climáximo
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O movimento declara-se "solidário com todas as vítimas dos fogos" e apela a que "Pedrógão Grande não seja repetido Climáximo

A sede da Navigator foi escolhida porque a Climáximo considera que a empresa tem uma "responsabilidade acrescida nas mortes" relacionadas com a actual vaga de incêndios. "Não só é uma das empresas que mais emite gases com efeito de estufa - que aquecem a atmosfera e provocam a crise climática - mas é também 'a grande arquitecta' da destruição da floresta autóctone portuguesa para a converter em eucaliptal inflamável para alimentar a indústria da celulose".

O movimento declara-se "solidário com todas as vítimas dos fogos" e apela a que "Pedrógão Grande não seja repetido.

"Os incêndios são a crise climática a atingir Portugal em tempo real. Os governos e as empresas sabiam há décadas que estas tragédias iam acontecer, mas decidiram ignorá-la e não proteger as pessoas, continuando a investir em combustíveis fósseis. Eles declararam guerra às pessoas e ao planeta", afirma o Climáximo.

Já morreram sete pessoas e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, no distrito de Aveiro. Dezenas de casas foram destruídas e as chamas obrigaram a cortar estradas e auto-estradas, como a A1, A25 e A13.

Esta terça-feira, por volta das 09h30, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) registava mais de 140 ocorrências, envolvendo mais de 5.000 operacionais, apoiados por 1600 meios terrestres e 21 meios aéreos. A Protecção Civil estima que arderam pelo menos 10 mil hectares na Área Metropolitana do Porto e na região de Aveiro.

Editado por Clara Barata