Cheias na Europa Central já provocaram pelo menos 21 mortos

Capitais húngara e eslovaca preparam-se para subida das águas do Danúbio. Pelo menos 15.000 pessoas tiveram de ser deslocadas na República Checa, onde milhares não tê electricidade nem água potável.

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Imagem de drone mostra a aldeia inundada de Venek, na margem do rio Danúbio, perto de Gyor, na fronteira com a Eslováquia, no noroeste da Hungria, a 17 de Setembro de 2024 GERGELY JANOSSY / EPA
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Motociclista atravessa área afectada por inundações após fortes chuvas na cidade de Ostrava, na Chéquia, a 17 de Setembro de 2024 MARTIN DIVISEK / EPA
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Estrada inundada pelo rio Elba, em Dresden, na Alemanha, a 17 de Setembro de 2024 Filip Singer / EPA
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Voluntários reforçaram esta terça-feira as barreiras e os dispositivos para conter a subida dos rios na cidade de Nysa, na Polónia, uma das dezenas regiões da Europa Central inundadas pelas cheias devastadoras que, até ao momento, já mataram pelo menos 21 pessoas.

Os rios continuavam a transbordar na República Checa, enquanto o rio Danúbio subia na Eslováquia e na Hungria. Regiões da Áustria e da Roménia também foram inundadas.

As zonas fronteiriças entre a República Checa e a Polónia estão entre as mais atingidas desde o fim-de-semana, quando rios caudalosos e cheios de detritos devastaram cidades históricas, derrubando pontes e destruindo casas.

As inundações mataram sete pessoas na Roménia, onde as águas baixaram desde o fim-de-semana, seis na Polónia, cinco na Áustria e três na República Checa. Dezenas de milhares de famílias checas e polacas continuam sem electricidade e sem água potável.

Durante a noite, os voluntários ajudaram as equipas de salvamento a fazer uma muralha de sacos de areia para colmatar o dique danificado em torno de Nysa, uma cidade com mais de 40.000 habitantes no sudoeste da Polónia.

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Lar de idosos inundado na sequência da subida das águas do rio Odra, na cidade de Ostrava, Chéquia, a 17 de Setembro EPA/MARTIN DIVISEK

O chefe nacional dos bombeiros, Mariusz Feltynowski, disse na terça-feira que o dique de Nysa havia sido selado, com helicópteros militares a juntarem-se à operação para largar sacos de areia.

Alguns residentes regressaram para verificar se as suas casas estavam seguras após as evacuações de segunda-feira, apesar das garantias do primeiro-ministro Donald Tusk de que as autoridades agiriam “impiedosamente” contra os saqueadores.

“Asseguraram-nos que os serviços iriam tomar conta dos nossos pertences e bens. Mas temos medo porque já ouvimos dizer que os saqueadores estão activos”, disse à Reuters Sabina Jakubowska, 45 anos, residente em Nysa.

A Polónia declarou o estado de catástrofe na região e reservou mil milhões de zlotys (cerca de 233 milhões de euros) para as vítimas das cheias.

Breslávia​ prepara-se para cheias

A histórica Breslávia​, a terceira cidade da Polónia, está a preparar-se para o pico das águas ao longo do rio Oder. “Temos autocarros à disposição, caso haja necessidade de evacuar [casas e edifícios]”, disse o presidente da Câmara de Breslávia, Jacek Sutryk, numa reunião de crise. “Hoje vamos também reforçar outros diques, também na bacia do rio Oder”, acrescentou.

O jardim zoológico da cidade apelou a voluntários para ajudarem a encher sacos de areia para proteger os recintos dos animais e os funcionários e voluntários começaram a transferir alguns dos 450.000 livros do arquivo da igreja principal da cidade para andares mais altos do edifício dos Arquivos Arquidiocesanos.

As autoridades polacas encheram 80% de um reservatório gigante perto da fronteira checa, com o objectivo de reduzir os níveis de água e evitar que os picos das cheias coincidam nos rios Oder e Nysa, como aconteceu nas desastrosas cheias de 1997 em Breslávia.

Na vizinha República Checa, o governador Josef Belica declarou que 15.000 pessoas tinham sido retiradas das suas casas na região nordeste da Morávia-Silésia, uma das duas mais afectadas. Helicópteros estavam a levar ajuda a zonas isoladas pelas cheias.

Calcular os prejuízos

A agência de notação de crédito Morningstar DBRS estimou os prejuízos causados pelas inundações na Europa Central entre várias centenas de milhões de euros e mais de mil milhões de euros. Mas Belica disse que os prejuízos só na sua região atingiriam dezenas de milhares de milhões de coroas (cerca de 898 milhões de euros).

Na cidade de Ostrava, no nordeste da República Checa, a ruptura de uma barreira no rio Oder, na sua confluência com o rio Opava, provocou na segunda-feira a inundação da zona industrial da cidade, incluindo a fábrica de produtos químicos BorsodChem e a unidade de produção de carvão OKK Koksovny.

Na Hungria, nas cidades históricas de Visegrad e Szentendre, a norte de Budapeste, as autoridades instalaram barragens móveis para se prepararem para as cheias do Danúbio. Budapeste está a preparar-se para que as águas atinjam níveis recorde e encerrou a ilha Margarida, uma área recreativa com hotéis e restaurantes, onde foram empilhados dezenas de milhares de sacos de areia como medida de protecção.

A Hungria declarou que seriam enviadas tantas tropas quantas as necessárias para o esforço de defesa contra as cheias, estando já 1400 a prestar assistência no terreno.

Na Eslováquia, o Ministro do Ambiente, Tomas Taraba, afirmou que o Danúbio tinha atingido um pico de quase dez metros durante a noite e que o nível da água iria agora baixar lentamente. Os prejuízos causados pelas inundações em todo o país foram estimados em 20 milhões de euros.