Suspeito de tentativa de assassinato na Florida criticou Trump nas redes sociais

Ryan Wesley Routh tem um historial de mensagens críticas de Trump e de apoio à defesa da Ucrânia contra a invasão russa. Em 2023, foi citado num artigo do New York Times sobre voluntários na Ucrânia.

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Routh tem 58 anos e vive no Havai YELYZAVETA SEVATYNSKA/SUSPILNE UKRAINE/VIA REUTERS
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O homem que é suspeito de ter tentado disparar contra Donald Trump num campo de golfe na Florida, na tarde de domingo, é um crítico assumido da forma como o ex-Presidente dos Estados Unidos se posicionou sobre a invasão russa da Ucrânia, e foi citado no jornal New York Times, em 2023, num artigo sobre o apoio de voluntários norte-americanos ao Exército ucraniano.

O suspeito, identificado pelas autoridades da Florida como Ryan Wesley Routh, de 58 anos, nasceu na Carolina do Norte e vivia no Havai, onde geria uma pequena empresa de construção. Na sua página na rede social LinkedIn, apresenta-se como alguém "constantemente focado em contribuir o mais possível para a comunidade", e diz que o objectivo da sua empresa é "construir estruturas muito simples para os menos afortunados".

Antes de o seu nome ter surgido associado a uma possível segunda tentativa de assassinato de Trump nos dois últimos meses, Routh foi a personagem principal de três notícias, nos últimos 30 anos, nos jornais da Carolina do Norte.

Na primeira delas, em 1991, o jornal Greensboro News & Record noticiou que Routh, então com 25 anos, recebeu a distinção de "cidadão do ano" por ter impedido a fuga de um suspeito da violação de uma mulher. Na cerimónia em que recebeu o prémio, Routh foi descrito como "um cidadão raro, disposto a ir além das suas obrigações para ajudar a polícia no combate ao crime e nas investigações."

Uma década mais tarde, em 2002, o mesmo jornal deu conta de duas acusações contra Routh por posse ilegal de arma. No caso mais grave, registado em Dezembro desse ano, Routh barricou-se numa loja com uma metralhadora durante três horas, depois de ter sido mandado parar pela polícia por conduzir sem carta de condução válida.

Apoiante da Ucrânia

Nos últimos anos, Routh parece ter centrado as suas atenções no apoio à defesa da Ucrânia, e publicou várias mensagens nas redes sociais com críticas a Trump, acusando o ex-Presidente dos EUA e candidato do Partido Republicano à próxima eleição presidencial de ser "uma ameaça à democracia".

Em 2023, num artigo do New York Times sobre voluntários norte-americanos pró-ucranianos, Routh apresentou-se como o promotor de uma campanha que tinha como objectivo recrutar combatentes que fugiram dos taliban, no Afeganistão, para irem combater contra a Rússia.

Num texto publicado no domingo, o autor do artigo, o repórter Thomas Gibbons-Neff, actual correspondente do jornal na Ucrânia, disse ter ficado com a sensação de que os planos de Routh estavam "acima das suas possibilidades".

"Ele disse que ia corromper políticos, falsificar passaportes e fazer o que fosse possível para pôr combatentes afegãos na Ucrânia, mas não tinha meios reais para concretizar esses objectivos", disse o jornalista, que destacou também "o tom sério" das afirmações de Routh.

Numa mensagem publicada na rede social X em Abril, Routh disse que a campanha eleitoral de Trump "devia chamar-se MASA, Make Americans Slave Again" ("tornar os americanos escravos outra vez"), uma referência ao slogan oficial da campanha do ex-Presidente dos EUA, MAGA, Make America Great Again ("tornar a América grande outra vez").

Na mesma ocasião, o suspeito afirmou que a eventual eleição de Trump, em Novembro, poderá pôr em risco a democracia nos EUA — uma mensagem que tem sido frisada por vários candidatos do Partido Democrata e críticos republicanos de Trump, que é alvo de duas acusações criminais por tentativa de subversão eleitoral, ambas relacionadas com a invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021.

Numa outra publicação na rede social X, a 13 de Julho, logo após a tentativa de assassinato contra Trump num comício na Pensilvânia, que fez um morto e dois feridos, Routh incitou Biden e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, "a visitarem os feridos no hospital e a comparecerem no funeral do bombeiro, porque Trump nunca fará nada por eles".

Numa reacção ao que aconteceu no Trump International Golf Club, na Florida, no domingo, a candidata do Partido Democrata à Casa Branca afirmou que "a violência não tem lugar na América" e manifestou-se aliviada pelo facto de Trump estar "em segurança".

Também no domingo, Biden anunciou que deu instruções à sua Administração para "continuar a garantir que os Serviços Secretos [a agência federal responsável pela protecção dos Presidentes dos EUA e candidatos à Casa Branca] tenham à sua disposição todos os meios necessários com vista à segurança do antigo Presidente".

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