Rússia retoma duas localidades e determina evacuação de dois distritos em Kursk

Governador ordenou a evacuação de localidades a 15 quilómetros da fronteira com a Ucrânia. Kiev convidou ONU e Cruz Vermelha a visitar as zonas ocupadas pelas forças ucranianas em Kursk.

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Centro de acolhimento para cidadãos russos retirados das zonas ocupadas pela Ucrânia em Kursk. Muitos milhares estão agora em centros como este em Moscovo REUTERS/Maxim Shemetov
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A Rússia anunciou esta segunda-feira que retomou o controlo de duas localidades na região russa de Kursk, invadida por forças e ocupadas por forças ucranianas desde 6 de Agosto e decretou a evacuação de todas as localidades até 15 km da fronteira em dois distritos da região. Ao mesmo tempo, a Ucrânia convidou as Nações Unidas e a Cruz Vermelha Internacional a visitarem as zonas ocupadas pelas suas forças em território russo para “provar a adesão” do país às normas internacionais humanitárias.

A evacuação das localidades de distritos de Rylskiy e Khomutovskiy que ficam a até 15 quilómetros da fronteira russa, foi determinada por Alexey Smirnov, governador da região, que a anunciou na rede social Telegram. “Com base em informações operacionais, a fim de garantir a segurança, o pessoal operacional regional decidiu evacuar obrigatoriamente as povoações dos distritos de Rylskiy e Khomutovskiy, que se situam numa zona de 15 quilómetros adjacente à fronteira com a Ucrânia”, escreveu o novo governador.

A decisão de evacuar as localidades é uma das primeiras medidas tomadas pelo governador da região de Kursk que tomou posse esta segunda-feira.

Já o Ministério da Defesa russo, citado pela agência russa TASS, anunciou que controlo das localidades de Borki e Uspenovka foi retomado pelo Exército, tendo as forças de Moscovo repelido contra-ataques ucranianos em Byakhovo, Bolshaya Obukhovka, Viktorovka, Lyubimovka e Malaya Loknya.

O Governo ucraniano, entretanto, endereçou convites à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Cruz Vermelha Internacional para visitarem as zonas ocupadas em Kursk, de modo a que possam ver in loco os “esforços humanitários” das forças ucranianas e e perceber “o cumprimento pelos ucranianos das normas de direito internacional humanitário no território que ocuparam”.

“Dei instruções ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para convidar oficialmente a ONU e a Cruz Vermelha Internacional a juntarem-se aos esforços humanitários na região de Kursk. A Ucrânia está pronta a facilitar o seu trabalho e a provar a sua adesão ao direito internacional humanitário”, escreveu na rede social X o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiha.

O ministro afirmou que as forças ucranianas têm demonstrado “total adesão ao direito humanitário” desde o início da incursão do país em Kursk, sublinhando que são “um exército profissional com elevados padrões que dá valor à liberdade e à vida humana.

O convite ucraniano foi feito no dia em que a presidente da Cruz Vermelha, Milana Spoljaric, chegou a Moscovo para uma reunião com altos representantes russos, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.

Para o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, os convites feitos pelo ministro ucraniano foram “provocatórios” e que a Rússia espera “que os destinatários não prestem atenção, porque se trata de pura provocação”, afirmou, citado pela agência russa TASS.

Em resposta, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Heorhii Tykhy, acusou a Rússia de ter “medo” que a presença de observadores internacionais em Kursk permite perceber a “situação real” da região.

“A reacção do Kremlin à oferta da Ucrânia para que a ONU e a Cruz Vermelha Internacional se juntem aos esforços humanitários na região de Kursk mostra o desprezo da Rússia pelo seu próprio povo e pelas suas necessidades humanitárias, bem como o receio de permitir que os observadores internacionais vejam a situação real. É bastante revelador”, afirmou Tykhy na rede social X.

A visita da presidente da organização humanitária acontece quatro dias depois de a Rússia ter morto três funcionários da Cruz Vermelha Internacional em Donetsk, numa zona onde os funcionários preparavam a distribuição de assistência, algo que Spoljaric condenou “veementemente”.

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