Este ano estava a ser bastante positivo relativamente aos incêndios florestais: até 31 de Agosto, houve um total de 4457 incêndios rurais que resultaram em 10.294 hectares de área ardida. Este é o valor mais reduzido em número de incêndios e também o mais reduzido de área ardida, desde 2014, segundo um relatório da Direcção Nacional de Gestão do Programa de Fogos Rurais. Os incêndios que nesta segunda-feira e nos últimos dias atingiram várias zonas do país podem alterar este balanço.
Fazendo uma comparação de 2024 com o historial da década anterior, menos 53% de incêndios rurais e menos 86% de área ardida relativamente à média anual do período no continente, diz o relatório, datado de 2 de Setembro.
Na Madeira, no entanto, a área ardida em Agosto ascendeu a 5000 hectares.
O máximo de área ardida destes últimos anos foi atingido em 2017, ano do incêndio de Pedrógão Grande, 236.485 hectares, embora 2015 tenha sido ano com maior número de incêndios (16.034). Mas 2022 foi o terceiro ano com mais área ardida (108.491 hectares).
Mas em 2024, até 31 de Agosto, os incêndios com área ardida inferior a um hectare foram os mais frequentes (85% do total de incêndios rurais), segundo este relatório. Registou-se apenas um incêndio com uma área ardida superior a mil hectares: o de Angueira, no Vimioso (distrito de Bragança), que se iniciou a 10 de Agosto.
Para ser classificado como um grande incêndio, a área ardida tem de ser igual ou superior a 100 hectares e, até ao fim de Agosto, 12 incêndios enquadraram-se nessa categoria, representando 43% do total de área afectada este ano, neste período.
Foi também em Agosto que houve mais incêndios rurais: 1757, o que corresponde a 39% do número total desde o início do ano. Foi também no mês passado que houve mais área ardida, 5843 hectares, ou 57% do total até ao final desse mês.
Neste fim-de-semana, no entanto, foi emitido um alerta de risco máximo de incêndio rural para uma centena de concelhos no continente, nos distritos de Faro, Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Leiria, Coimbra, Guarda, Aveiro, Viseu, Porto, Bragança, Vila Real, Viana do Castelo e Braga.
Causas por apurar
A investigação das causas foi concluída para 3129 dos 4457 incêndios rurais que se verificaram em Portugal continental até 31 de Agosto (70% do número total de incêndios – responsáveis por 62% da área total ardida). O relatório diz que foi possível apurar a causa para 2329 incêndios. As causas mais frequentes em 2024 são: incendiarismo (31%) e queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (13%).
Mas há sempre uma grande proporção de incêndios cujas causas ficam por apurar. Em 2017, o ano em mais área ardeu, e o segundo com mais incêndios, foram investigados 12.116 dos 14.366 incêndios ocorridos, e só 7513 das investigações foram conclusivas.
Os distritos com mais incêndios foram Porto (845), Viana do Castelo (464) e Braga (372), embora tenham sido maioritariamente de reduzida dimensão. O distrito que teve mais área ardida até 31 de Agosto foi Bragança, onde as chamas consumiram 2857 hectares, seguido de Viana do Castelo com 1637 hectares e de Beja com 837 hectares.
Os 20 concelhos com maior número de incêndios situam-se todos a norte do Tejo, à excepção de Abrantes e de Almada. Têm elevada densidade populacional, com grandes aglomerados urbanos e uma história de utilização tradicional do fogo na gestão agro-florestal. Representam 31% do número total de ocorrências e 22% da área total ardida.
O relatório destaca o concelho de Miranda do Douro, mas também os de Valença, Arcos de Valdevez, Vimioso, Bragança, Penafiel, Elvas, Montalegre e Freixo de Espada à Cinta. O número total de ocorrências nestes 20 concelhos representa 17% do total nacional.