Reforço Samu ajudou FC Porto a encontrar baliza do Farense

“Dragões” sofreram para suplantar a defesa mais batida da Liga e foram salvos por um golo do reforço espanhol, lançado a meio da segunda parte.

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MANUEL FERNANDO ARAUJO / LUSA
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Um livro inteiro de soluções, sem capítulo final à vista. Pode muito bem ser este o resumo do FC Porto-Farense, da 5.ª jornada da Liga portuguesa. O favoritismo dos "dragões" foi construído em cima de 10 ocasiões flagrantes de golo e 25 remates, mas materializado com um curto 2-1 que deixou os algarvios a suspirarem por algo mais até ao derradeiro apito. Ricardo Velho tem lições a dar sobre a arte de defender as redes, o FC Porto tem muito a aprender no domínio da finalização.

O jogo arrancou com o guião previsível: o FC Porto a comandar totalmente, com iniciativa extra a partir do corredor central, fruto da troca de Vasco Sousa por Nico González, e com o flanco esquerdo reforçado, graças à união de esforços entre Francisco Moura e Galeno. E não demorou a criar um par de lances perigosos, partindo de fora para dentro, em diagonais que o 5x4x1 do Farense tinha dificuldade em contrariar.

Pela frente, os "dragões" tinham a defesa mais batida da Liga, que tinha mostrado debilidades a mais para uma equipa da I Liga em desafios de exigência máxima, como aconteceu diante do Sporting (0-5). Tinham também um adversário afundado, que procurava esticar o jogo pelas alas - mais pela direita no primeiro tempo, essencialmente pela esquerda no segundo - com o avançado Tomané como ponto de chegada.

E quando Galeno, Nico González e Pepê, essencialmente eles os três, começaram a acumular lances de golo iminente, entre bolas nos ferros (uma delas já na pequena área) e defesas improváveis de Ricardo Velho, parecia apenas uma questão de tempo até ser quebrada a monotonia no marcador. Só que os minutos foram passando e, apesar do ascendente do FC Porto (entrecortado por um pontapé de bicicleta de Tomané), o 0-0 resistiu até ao intervalo.

Mais do que um prémio para a organização defensiva do Farense, era um castigo para a ineficácia gritante do FC Porto na finalização (13 remates e cinco grandes ocasiões de golo). Por isso, quando, logo no reatamento do jogo, Galeno foi puxado na área e converteu o penálti que daí resultou, aos 48', o tapete parecia estendido para uma tarde de sol tranquila no Estádio do Dragão, com mais uns raios em perspectiva.

Um lançamento lateral, porém, três minutos depois, provou que Otávio é um central com potencial mas com uma relação (ainda) inconveniente com o erro. Uma abordagem desastrada permitiu que Tomané ganhasse a bola, fizesse a diagonal para a área e rematasse cruzado para o empate. Nehuén Pérez, central argentino em tarde de estreia, não pôde fazer mais do que assistir ao lance.

Ia ser preciso voltar à carga, pensou Vítor Bruno, que logo de seguida lançou Samu Omorodion (Namaso) e André Franco (Ivan Jaime), fazendo Nico González subir uns metros, para zonas de definição. O Farense ainda aproveitou um par de saídas com perigo, explorando as costas de João Mário, e Diogo Costa teve de entrar em cena para mostrar serviço, mas a torrente de ocasiões que inundara a área algarvia haveria de dar frutos.

Não sem a resistência estóica de Ricardo Velho, porém, que continuava a somar defesas impossíveis (que o digam Pepê e Nico) e contava com a ajuda do poste quando tudo o resto falhava. Mas aos 75', 11 minutos depois de se ter estreado com a camisola do FC Porto no Dragão, Samu encontrou mesmo o caminho das redes, numa recarga oportuna após, claro está, mais uma intervenção de recurso do guarda-redes do Farense.

O avançado espanhol foi brindado com aplausos ruidosos nesse momento e voltaria a sê-lo aos 87', quando foi tocado no tornozelo e ficou prostrado no relvado. A entrada de Fran Navarro ainda pairou no ar por instantes, mas Samu resistiu. Ele e o resultado, que foi o suficiente para garantir ao FC Porto mais três pontos (e assegurar que não perde terreno na perseguição ao Sporting), mas demasiado curto para o volume de ocasiões. E, naturalmente, para a expectativa dos adeptos.

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