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“É estar no Brasil. Isso é o que eu mais escuto aqui” — como foi a festa em Braga
Com milhares de brasileiros, Braga é chamada por muitos de Braguil ou Bragasil. Este sábado, 14 de setembro, a cidade recebeu o Dia do Brasil. Mostramos quem são os brasileiros de Braga.
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Realizado este sábado, o Dia do Brasil é um dos principais eventos dos brasileiros em Braga. Barracas com comidas dos vários estados, música, diversões, convívio e futebol. Alexandra Gomide, presidente da Associação UAI, que organiza o Dia do Brasil, conta como as pessoas sentem o evento. "É estar no Brasil. Isso é o que eu mais escuto aqui. Tem brasileiros que estão em Braga há 20 ou 30 anos e dizem que nunca se sentiram tanto no Brasil como hoje", relata.
Ela atribui a ligação que as pessoas sentem à forma como o evento é organizado. "As pessoas vão às barracas e têm a comida do estado, o sotaque do estado, a roupa do estado. Isso é muito forte", diz.
Eis alguns dos brasileiros que estiveram no Dia do Brasil.
Chamado divino
A pernambucana Milena Ferreira, 28 anos, deixou o Recife e veio para Portugal há oito meses. “Vim por um propósito pessoal. Foi devido à minha fé. Foi um chamado de Deus. Queríamos sair do país e, por meio de um sonho, Deus nos confirmou. Escolhi Portugal porque tenho família aqui”, conta Milena, que não quis tirar uma foto.
No Brasil, ela era empresária de colchões e, agora, é dona de casa. Questionada como ela se vê daqui a cinco anos, ela responde. “Tenho formação de contadora e gestora financeira e estou aberta e disponível para o que aparecer”, afirma.
Vida tranquila
O paulistano Marcelo de Biasi, 52, está em Braga há seis anos, depois de largar a empresa de cartões de crédito Cielo. “Saí da empresa para vir para cá. Foi pela qualidade de vida. No Brasil, trabalhava muito, ganhava bem, mas não vivia. Além de tudo tinha a insegurança”, frisa.
Um dos motivos que fez com que decidisse sair foi a família. “Achamos que os nossos filhos tinham a idade que dava para fazer a mudança. Estavam com 14 e 9 anos de idade”, acrescenta.
Comparando Braga com São Paulo, ele prefere a cidade portuguesa. “Eu gosto muito da cidade. Tem tudo, mas é pequena. Não falta nada. Há muita coisa para fazer que não tem em São Paulo, muita coisa de graça. Lá não há muito para fazer, a não ser ir ao shopping”, arremata.
Agente de viagens
A paraense de Belém Valéria Borges, 32, estava numa barraca com folhetos da agência de viagens para a qual trabalha. “Vim para Portugal porque já estava no meu planejamento mudar para um país com mais qualidade de vida do que eu tinha no Brasil”, lembra.
No Pará, ela já trabalhava numa agência de viagens. Em Braga, diz que ganhou qualidade de vida, segurança e poder de compra. “O salário aqui não é dos maiores, mas tenho um poder de compra que eu não tinha no Brasil. Vejo os impostos aqui aplicados nas ruas, na segurança. Aqui, consigo fazer uma compra do mês sem gastar meio salário, como acontecia no Brasil. Por isso, valeu a pena ter vindo”, diz.
Mais barato
De mãos dadas, o casal Gabriela Pereira e Vítor Dias escolheu Portugal como segunda opção. “A gente ia para o Canadá, mas decidimos vir para Portugal por causa do custo. No Canadá era necessário termos R$ 150 mil (25 mil euros) e, em Portugal, só R$ 15 mil (2,5 mil euros), o equivalente a três salários mínimos”, conta Gabriela.
Atualmente, Gabriela trabalha como operadora de máquinas na Bosch, em Braga – no Brasil, era monitora de câmaras de segurança. Vítor, em Portugal, dirige um carro de aplicativo. “No Brasil, era professor de lutas, empresário, professor de educação física”, afirma.
Gabriela explica por que escolheram Braga. “Braga é mais calma, tem mais segurança. A gente fugiu de Porto e Lisboa. A gente sabia que essas cidades eram muito movimentadas e muito grandes”, acrescenta Vítor.
Melhorar de vida
Há seis meses em Braga, o baiano Maurício dos Santos, 35, deixou o emprego num supermercado em Porto Seguro. "Vim para procurar uma oportunidade melhor, para ter mais qualidade de vida", ressalta.
Ao contrário de muitos brasileiros em Braga, ele diz que não veio pela segurança. "Em Porto Seguro, não tem esse problema", diz
Atualmente trabalhando como operador de produção, Maurício avalia a mudança para Portugal. "Foi muito melhor, aqui tem oportunidades de conquistar coisas se a gente trabalhar. Lá, não tinha. O único arrependimento que eu tenho é não ter vindo antes", acrescenta.
Aulas de piano
Há seis anos e meio a pianista Fernanda Machado, 47, trocou Pelotas por Braga. “O que fez a gente vir foi a segurança. Pelotas ficou uma cidade muito perigosa. Tenho um filho de 11 anos, e queríamos um ambiente em que ele pudesse crescer sem andar pela rua com medo”, relembra.
Agora, Fernanda trabalha dando aulas de piano para portugueses e online para outros países. “Tenho alunos nos Estados Unidos, no Canadá, no Brasil, na França, na Itália. Não dependo da economia local”, explica.
Casamento
A mineira Liana Leonel, 59, deixou Belo Horizonte por amor há cinco anos. "Não por conta de trabalho. Casei, foi meu segundo casamento, e meu marido é filho de português, que morava em Portugal havia 20 anos", afirma.
No Brasil, ela deixou duas filhas, amigos e duas netas. "O que me dá mais saudades são as netas", assinala.
Trabalhando como esteticista em Portugal, a mesma profissão que tinha no Brasil, ela diz que está feliz com a mudança."Em Braga, tenho tranquilidade, qualidade de vida, qualidade do ar e sossego. É muito melhor do que no Brasil", frisa.