Irão lança satélite, Ocidente preocupado com misséis balísticos

Teerão descreveu o lançamento do satélite Chamran-1, construído pelos Guardas da Revolução, como “um sucesso”.

Foto
O satélite Chamran-1, que pesa 60 quilogramas, foi lançado numa órbita de 550 quilómetros Iranian Space Agency/WANA / VIA REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:04

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Irão lançou este sábado "com sucesso" um satélite para o espaço, com um foguetão construído pelos Guardas da Revolução do país, noticiaram os meios de comunicação social estatais iranianos. Este lançamento é visto como o último de um programa que o Ocidente receia que ajude Teerão a avançar com o seu programa de mísseis balísticos.

O Irão descreveu o lançamento como "um sucesso", mas não houve confirmação imediata e independente do êxito do lançamento, nem as autoridades iranianas forneceram imediatamente imagens ou outros pormenores.

O lançamento ocorre no meio de tensões acrescidas que se fazem sentir no Médio Oriente devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, durante a qual Teerão lançou um ataque directo sem precedentes com mísseis e drones contra Israel.

Entretanto, o Irão continua a enriquecer urânio até níveis próximos do grau de armamento, o que suscita preocupações entre os especialistas em não-proliferação de armas sobre o programa de Teerão.

O Irão identificou o foguetão de transporte de satélites como sendo o Qaem-100, que os Guardas da Revolução utilizaram em Janeiro para outro lançamento bem-sucedido.

Qaem significa "vertical" na língua farsi do Irão. O foguetão de combustível sólido colocou o satélite Chamran-1, que pesa 60 quilogramas, numa órbita de 550 quilómetros, informou a imprensa estatal iraniana.

O Departamento de Estado norte-americano e os militares norte-americanos não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre o lançamento iraniano.

Os Estados Unidos afirmaram anteriormente que os lançamentos de satélites iranianos desafiam uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas e apelaram a Teerão para que não realizasse qualquer actividade que envolvesse mísseis balísticos capazes de transportar armas nucleares.

As sanções da ONU relacionadas com o programa de mísseis balísticos do Irão expiraram em Outubro passado.

Durante o mandato do antigo Presidente iraniano Hassan Rouhani, relativamente moderado, a República Islâmica do Irão abrandou o programa espacial por receio de aumentar as tensões com o Ocidente.

Porém, o Presidente de linha dura Ebrahim Raisi, um protegido do líder supremo Ali Khamenei, que chegou ao poder em 2021, impulsionou o programa. Raisi morreu num acidente de helicóptero em Maio.

Não é agora claro o que o novo Presidente do Irão, o reformista Masoud Pezeshkian, pretende para o programa, uma vez que se manteve em silêncio sobre a questão durante a campanha eleitoral.

A avaliação da ameaça mundial da comunidade de informações dos Estados Unidos, realizada este ano, refere que o desenvolvimento de veículos de lançamento de satélites por parte do Irão "encurtaria o prazo" para o país desenvolver um míssil balístico intercontinental, uma vez que utiliza tecnologia semelhante.

Os mísseis balísticos intercontinentais podem ser utilizados para transportar armas nucleares. O Irão está agora a produzir urânio próximo dos níveis de qualidade para armas, após o colapso do seu acordo nuclear com as potências mundiais. Teerão possui urânio enriquecido suficiente para "várias" armas nucleares, caso decida produzi-las, alertou já o chefe da Agência Internacional da Energia Atómica.

O Irão sempre negou a procura de armas nucleares e afirma que o seu programa espacial, tal como as suas actividades nucleares, se destina a fins puramente civis.