Operação Babel: juiz leva todos os arguidos a julgamento nos termos da acusação

O TIC do Porto decidiu levar a julgamento os 16 arguidos e manteve as medidas de coacção de prisão preventiva a Patrocínio Azevedo, ex-vice-presidente da Câmara de Gaia, e a Paulo Malafaia.

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Martin Henrik Em causa estão suspeitas de corrupção na Câmara de Gaia
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O Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu esta sexta-feira levar a julgamento nos exactos termos da acusação todos os arguidos da Operação Babel, relacionada com a alegada viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos em Gaia.

A informação foi avançada à agência Lusa por fonte judicial, dando conta de que o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto pronunciou (decidiu levar a julgamento) os arguidos, depois de alguns terem requerido a instrução, fase facultativa que visa decidir, por um juiz de instrução criminal, se o processo segue, e em que moldes, para julgamento.

Em Junho deste ano, o MP deduziu acusação contra 16 arguidos, por dezenas de crimes económicos, incluindo o antigo vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia Patrocínio Azevedo, o empresário Paulo Malafaia e Elad Dror, fundador do Grupo Fortera.

O TIC do Porto manteve esta sexta-feira as medidas de coacção de prisão preventiva a Patrocínio Azevedo e a Paulo Malafaia.

Segundo a acusação do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) Regional do Porto, com quase mil páginas, e a que a agência Lusa teve acesso, estão também acusados neste processo o advogado João Lopes, Luísa Aparício, à data dos factos dirigia a Direcção Municipal de Urbanismo e Ambiente da Câmara de Gaia, um economista espanhol e 10 sociedades, a maioria pertencente ao Grupo Fortera, com capitais israelitas e ligado aos negócios e à promoção imobiliária.

O processo está relacionado com a suposta viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em Vila Nova de Gaia em favor de promotores associados a projectos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário.

A investigação sustenta que Elad Dror e Paulo Malafaia, promotor imobiliário, "combinaram entre si desenvolverem projectos imobiliários na cidade de Vila Nova de Gaia, designadamente os denominados Skyline/Centro Cultural e de Congressos, Riverside e Hotel Azul", contando com o alegado favorecimento por parte do antigo vice de Gaia, que receberia em troca dinheiro e bens materiais, como relógios.

O antigo autarca de Gaia, que se encontra em prisão preventiva, está acusado de cinco crimes de corrupção passiva, quatro crimes de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de tráfico de influência, um de abuso de poderes, um de branqueamento e quatro de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.

O empresário ligado ao ramo imobiliário Paulo Malafaia, que também está sujeito à medida de coacção mais gravosa, é acusado de três crimes de corrupção activa, três de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de branqueamento, um de tráfico de influência, um de abuso de poderes e quatro de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.

O MP acusou ainda Elad Dror de cinco crimes de corrupção activa, quatro de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de branqueamento, um de tráfico de influência e quatro de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.