Música

Um Bloco na Rua diferente, pós-Bolsonaro, no regresso de Ney Matogrosso a Portugal

O músico deu esta quinta, no Coliseu do Porto, o segundo dos três concertos que marcam o seu regresso aos palcos nacionais. Despede-se, por agora, com um espectáculo este domingo no Coliseu de Lisboa.

Paulo Pimenta
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Paulo Pimenta

Há um Bloco na Rua — o espectáculo que Ney Matogrosso estreou em 2019 e que agora o traz novamente a Portugal — antes e depois do regresso de Lula da Silva ao cargo de Presidente do Brasil. "Aquela coisa toda política que tinha no começo, tirei tudo", explicava há dias o músico de 83 anos ao PÚBLICO. "Porque agora não tem mais motivo. Mas na hora tinha." "Na hora", o Presidente brasileiro era Jair Bolsonaro. "Ele resolveu apagar da história a cultura. Mas a música brasileira é muito potente, há sempre espaço para ela. E eu sempre tive teatros lotados, nunca foi obstáculo para mim aquela agenda comportamental idiota, de uma mentalidade muito atrasada."

Depois de um concerto na passada sexta-feira, 6 de Setembro, no Coliseu de Lisboa, Ney Matogrosso subiu esta quinta-feira, dia 12, ao palco do Coliseu do Porto, para o segundo de três espectáculos deste seu reencontro com Portugal — despede-se com um concerto no domingo, outra vez no Coliseu de Lisboa. Mas, se tudo correr como planeado, não será uma despedida definitiva. "Palco é palco e eu não vou desistir tão cedo", garantia há dias o icónico músico que se notabilizou como frontman dos Secos & Molhados, nos anos 1970, antes de embarcar numa bem-sucedida carreira a solo.

Uma pedrada no charco da música brasileira, questionando noções de androginia e de masculinidade quer através das canções quer através do modo como se apresentavam em palco, os Secos & Molhados surgiram numa altura em que, referia o jornalista brasileiro Arthur Dapieve ao Ípsilon em 2021, a propósito da estreia do documentário Ney à Flor da Pele no festival IndieLisboa, "a esquerda atirava as questões do feminismo e da homossexualidade para o futuro", para depois do derrube da ditadura militar. "A banda puxou essa discussão para a arena política, fez por mostrar que ela era tão premente como as outras."

Paulo Pimenta
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