Mpox. OMS concede primeira autorização para utilização de uma vacina em adultos

Embora a vacina não esteja licenciada para menores de 18 anos, pode ser usada em bebés, crianças e adolescentes “em contextos de surto em que os benefícios da vacinação superam os potenciais riscos”.

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Cerca de 70% dos casos de mpox na República Democrática do Congo são em crianças Justin Makangara/REUTERS
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou esta sexta-feira que concedeu a primeira autorização para utilização de uma vacina contra a mpox em adultos, considerando-a um "passo importante" na luta contra a doença em África e noutras regiões.

A pré-qualificação da vacina pela Bavarian Nordic A/S – uma empresa dinamarquesa de biotecnologia dedicada ao desenvolvimento, fabricação e comercialização de vacinas significa que doadores como a GAVI (Aliança Global para as Vacinas) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) podem comprá-la. Mas os fornecimentos são limitados porque só existe um único fabricante.

"Esta primeira pré-qualificação de uma vacina contra a monkeypox [mpox] é um passo importante na nossa luta contra a doença, tanto no contexto dos actuais surtos em África, como no futuro", afirmou o director-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O director da agência de saúde das Nações Unidas apelou a um aumento "urgente" da aquisição, das doações e da distribuição da vacina para que esta chegue onde é mais necessária, juntamente com outras medidas de resposta.

De acordo com a autorização da OMS, a vacina pode ser administrada a pessoas com idade igual ou superior a 18 anos num regime de duas doses. A aprovação diz que, embora a vacina não esteja actualmente licenciada para menores de 18 anos, pode ser usada em bebés, crianças e adolescentes "em contextos de surto em que os benefícios da vacinação superam os potenciais riscos".

As autoridades do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC Africa) disseram no mês passado que cerca de 70% dos casos na República Democrática do Congo (RDCongo) o país mais atingido pela varíola são em crianças com menos de 15 anos, que também foram responsáveis por 85% das mortes.

Na quinta-feira, o CDC Africa afirmou que 107 novas mortes e 3160 novos casos tinham sido registados na semana passada, apenas uma semana depois de, em conjunto com a OMS, a agência de saúde pública da União Africana ter lançado um plano de resposta continental.

O CDC Africa declarou a mpox uma “emergência de saúde pública continental” a 13 de Agosto último e, um dia depois, a OMS emitiu um alerta de saúde internacional para a doença.

África registou 26.543 casos de mpox (5731 confirmados) e 724 mortes pela doença, antes conhecida como varíola-do-macaco, desde o início do ano, informou ainda o CDC Africa esta quinta-feira.

De acordo com os números partilhados pelo director-geral da agência, Jean Kaseya, as mortes e infecções notificadas desde Janeiro representam 43% e 56%, respectivamente, das registadas no total desde Janeiro de 2022 até ao presente.

O alarme da OMS está relacionado com a rápida propagação e a elevada mortalidade em África da nova variante (subtipo clado 1b), cujo primeiro caso foi identificado fora do continente, na Suécia, numa pessoa que tinha viajado para uma zona de África onde o vírus circula intensamente.

Esta variante é diferente do clado 2, responsável por um surto violento em África em 2022, bem como por centenas de casos na Europa, América do Norte e países de outras regiões do globo, e já levou à declaração de uma emergência sanitária internacional entre 2022 e 2023.

O mpox pertence à mesma família de vírus que a varíola, mas provoca sintomas mais ligeiros como febre, arrepios e dores no corpo. As pessoas com casos mais graves podem desenvolver lesões no rosto, nas mãos, no peito e nos órgãos genitais.