Caro leitor

Esta newsletter é mais longa do que é habitual, porque esta semana também foi excepcional na educação. E se quer perceber melhor do que falo, veja tudo o que fomos publicando no PÚBLICO.

Não só o ano lectivo começa hoje (60% das escolas abriram, o calendário oficial diz que as aulas podem ter início até segunda-feira), como o Conselho de Ministros aprovou ontem uma série de medidas para “recuperar e melhorar a aprendizagem”.

É pena algumas delas terem levado tanto tempo a serem conhecidas — matérias como o concurso extraordinário de vinculação de professores precisam de ser alvo de negociação com os sindicatos, mas outras, como os apoios para os alunos estrangeiros, não. E desde o fim de Julho que o ministro prometia um plano de recuperação de aprendizagens que só agora aparece. Também falta alguma concretização — há boas ideias, mas é preciso perceber como funcionarão na prática (é o caso, por exemplo, das "tutorias preventivas").

Fique com uma selecção do que mais relevante aconteceu.

Um artigo de opinião. Logo no domingo, o ministro da Educação escreveu um artigo de opinião no PÚBLICO onde continua a manter a fasquia alta naquele que é o fogo mais urgente para apagar no sector: reduzir em 90% até ao fim do 1.º período o número dos alunos sem aulas por não haver professores disponíveis. Ontem, questionado sobre quantos alunos não terão todos os professores no regresso à escola, Fernando Alexandre admitiu que "vão ser milhares”.

Imigrantes. Um dia depois de a jornalista Cristiana Faria Moreira explicar que em cinco anos chegaram às escolas portuguesas mais 90 mil estudantes estrangeiros (eram 53 mil em 2018/2019, são hoje 140 mil, cerca de 14% de todos os alunos matriculados), o Governo anunciou uma série de medidas essenciais para lidar com estes jovens de 187 nacionalidades distintas. Contratar mediadores linguísticos e culturais e criar um nível zero para o português Língua Não Materna, são duas delas. Temos hoje alunos que desconhecem por completo a língua e o alfabeto portugueses. "O sucesso de política de imigração vai depender do sucesso educativo deles”, disse o ministro. E ninguém contesta.

Telemóveis. Não é uma proibição. Pelo menos para já. Mas é uma recomendação do Ministério da Educação às escolas: até ao 6.º ano devem proibir smartphones nos espaços escolares; no 3.º ciclo devem adoptar medidas para desincentivar o seu uso por parte dos alunos enquanto estes estão na escola; e no secundário devem definir regras de utilização. A reflexão sobre o tema vai continuar, numa altura em que em toda a Europa há países a proibir os telemóveis na escola, alegando o mesmo que o ministro argumentou ontem: “Há neste momento muita evidência de que há um efeito muito negativo [do uso dos smartphones] nas crianças no 1.º e 2.º ciclos.”

Quantas palavras por minuto? A velocidade de leitura voltará à ordem do dia em 2024/2025, depois de ter sido abandonada com a revogação das metas curriculares aprovadas por Nuno Crato. Será realizado um diagnóstico nacional da “velocidade leitora” dos alunos do 2.º ano, como explica a jornalista Clara Viana.

Uma carta. O ministro voltou a escrever aos professores, para lhes desejar um bom ano. O Movimento Escola Pública respondeu: “Há este ano nas escolas em que leccionamos um clima de menor tristeza…”, dizem.

O relatório da OCDE.  As famílias portuguesas suportam 33% dos custos da educação pré-escolar, apesar de esta ter um carácter gratuito. É o valor mais alto entre os países para os quais há dados sobre o assunto. Portugal é também o país da OCDE com menor percentagem de professores com menos de 30 anos: apenas 2%, de acordo com o novo relatório Education at a Glance, a grande análise anual aos sistemas educativos. Foi divulgada na terça-feira. 

Antes de terminar ainda quero falar de Isabel Aguiar, 67 anos. Sempre sonhou ser professora e foi essa a carreira que seguiu. Também quero falar de Joana Rocha, 37 anos. Está agora a chegar a uma profissão que não é capaz de atrair muita gente nova. Não se conheciam, mas juntámo-las numa escola para uma conversa. O resultado é uma interessante reportagem da jornalista Patrícia Carvalho que pode ler aqui ou ouvir aqui. Isabel Aguiar e Joana Rocha foram a fotografia de capa do PÚBLICO que na segunda-feira foi para as bancas.

Até quinta-feira

Dos telemóveis aos alunos estrangeiros: que opinião tem das medidas apresentadas ontem pelo Governo para melhorar as aprendizagens dos alunos? Participe e envie a sua resposta para educacao@publico.pt.

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