Zelensky acusa Governo brasileiro de adoptar postura “pró-russa”

O Presidente ucraniano disse que a iniciativa de paz apresentada pela China e pelo Brasil é “destrutiva” e que não é possível que os países permaneçam imparciais no conflito com a Rússia.

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Lula tem insistido na necessidade de negociações directas entre a Ucrânia e a Rússia Adriano Machado / REUTERS
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a criticar a postura do Governo brasileiro em relação à invasão russa, considerando que a iniciativa de paz conjunta do Brasil e da China é “destrutiva”.

Foi durante um encontro com jornalistas sul-americanos que Zelensky avaliou negativamente o posicionamento do Governo do Presidente Lula da Silva face à guerra em curso entre os dois países. Em causa está a proposta apresentada pelo Brasil e pela China para que seja organizada uma conferência de paz com a participação em circunstâncias iguais da Rússia e da Ucrânia.

“Não passa de uma declaração política”, afirmou Zelensky, criticando ainda a postura de neutralidade reafirmada por países como o Brasil. “Porque é que têm de estar em algum lugar no meio? Não estamos a lutar no meio, não estamos a lutar na fronteira”, explicou. O Presidente ucraniano também descreveu o Governo brasileiro como “pró-russo”. "É preciso recordar que o amor da Rússia é temporário e o seu desrespeito pelo Estado de direito é permanente", avisou Zelensky em jeito de alerta.

Lula tem tido muita relutância em condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia, tendo chegado a dizer que os dois países tinham responsabilidades pela agressão. O Brasil não impôs sanções à Rússia e tem feito esforços diplomáticos, em conjunto com a China, para se apresentar como um possível mediador de uma resolução do conflito.

Kiev acredita que a alegada imparcialidade brasileira acaba por favorecer a Rússia, enquanto agressor e violador do direito internacional, e tem tentado convencer vários países do Sul Global a apoiar as suas exigências. No entanto, muitos destes países têm optado por se manter à margem.

Zelensky disse ainda que a iniciativa sino-brasileira não respeita a Ucrânia nem assegura a defesa da sua integridade territorial. “Fazer essas concessões simplesmente não é aceitável”, declarou o Presidente ucraniano.

Apesar das críticas, Zelensky disse estar disponível para manter o diálogo tanto com o Brasil como com a China, de quem diz não ser inimigo.

Esta semana, o Brasil e a China anunciaram que vão participar em exercícios militares conjuntos pela primeira vez na História.

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