Mais de 120 organizações defendem proibição de voos nocturnos

Esta sexta-feira assinala-se o Dia Internacional pela Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos e há movimentos portugueses, como o Aterra, que aderiram à iniciativa.

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Várias cidades europeias, como Lisboa, Frankfurt, Bruxelas, Luxemburgo, Barcelona, Marselha e Londres, têm testemunhado um aumento do tráfego aéreo Miguel Manso
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Mais de 120 organizações mundiais, incluindo portuguesas, vão aderir, na sexta-feira, ao Dia Internacional pela Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos, contra o sector da aviação que procura "lucros à custa da saúde das pessoas", foi anunciado esta quinta-feira.

Em comunicado, o movimento Aterra, que é contra a expansão do Aeroporto Humberto Delgado, explicou que 123 organismos de "todo o mundo juntaram-se para declarar o dia 13 de Setembro como Dia Internacional pela Proibição dos Voos Nocturnos nos Aeroportos", incluindo os movimentos portugueses Climáximo e Aterra. "A operação actual do Aeroporto Humberto Delgado viola as orientações em matéria de ruído ambiental da OMS [Organização Mundial de Saúde] e a própria legislação portuguesa, expondo mais de 100.000 pessoas a níveis de ruído acima do limite legal", salientou o activista do movimento Aterra Hans Eickhoff, citado no comunicado. De acordo com o também médico, os níveis de ruído acima do limite legal "não prejudicam apenas a qualidade do sono, como aumentam significativamente o risco de morbilidade e mortalidade de origem cardiovascular, e afectam as capacidades cognitivas e de aprendizagem em crianças e jovens".

O movimento indicou que várias cidades europeias, como Lisboa, Frankfurt, Bruxelas, Luxemburgo, Barcelona, Marselha e Londres, têm testemunhado um aumento do tráfego aéreo e uma degradação da saúde e da qualidade de vida. "Neste dia 13, as populações dizem basta à impunidade com que o sector da aviação continua a aumentar os voos e a procurar lucros à custa da saúde das pessoas e do planeta", sublinhou o Aterra.

Defendendo a interdição de voos no Aeroporto Humberto Delgado entre as 23h e as 7h, salvo eventuais atrasos e aterragens de emergência, o movimento recordou que a associação Zero contabilizou, só durante as duas últimas semanas de Agosto, mais de mil voos nesse horário, "sem contar com voos de carga, charters ou jactos privados". "Numa cidade com capacidade actual para 36 movimentos aéreos por hora, que são já absolutamente insustentáveis, o Governo e a ANA Aeroportos insistem em aumentar o tráfego aéreo para 48 movimentos por hora", lamentou.

O Aterra manifestou ainda solidariedade com "todas as pessoas que [...] têm diariamente a sua saúde ameaçada pelo tráfego dos aeroportos", opondo-se "a qualquer projecto de expansão da capacidade aeroportuária em Lisboa, seja pela expansão do aeroporto actual, seja pela construção de um novo aeroporto". "Propomos uma redução dos voos permitidos em Lisboa e o estabelecimento de limites ao tráfego aéreo em todos os aeroportos nacionais, de forma a respeitar o bem-estar e a vida das populações, actuais e futuras", acrescentou.