Q-Day 2024: Da euforia à mais-valia, as verdadeiras oportunidades da IA

Fazer um primeiro balanço do que vale, na prática, a IA generativa é o desafio da Quidgest para a 15.ª edição da sua conferência anual, que decorre no dia 17 de Setembro, na Culturgest, em Lisboa.

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Depois de, em 2023, ter procurado descodificar a Inteligência Artificial (IA), mostrando que esta tecnologia emergente oferece mais do que o ChatGPT, a Quidgest afasta-se do foco da edição anterior do Q-Day, a euforia, para lançar o tema, actualmente mais relevante, da mais-valia. Na 15.ª edição, que decorre no próximo dia 17 de Setembro, na Culturgest, o desafio passa por mostrar ao mercado oportunidades e modelos de negócio, iniciativas e soluções que demonstrem o potencial económico da IA generativa. “O Q-Day 2023 foi um sucesso, mas há muitas coisas que ficaram por dizer e, sobretudo, há muitas perspectivas sobre a IA que não têm recebido a atenção que merecem”, afirma João Paulo Carvalho.

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Pensado para dar esse palco às boas iniciativas que estão menos divulgadas, mostrando como podemos (as empresas e o país) não ser apenas utilizadores da IA generativa, mas gerar valor económico relevante e reconhecido globalmente

Com uma agenda recheada de temáticas relevantes, serão apresentadas visões diversas sobre o valor acrescentado pela IA generativa. “Genericamente, este valor pode variar de muito negativo a muito positivo, dependendo não tanto da tecnologia em si, mas de quem a utiliza”, salienta João Paulo Carvalho. O responsável da Quidgest exemplifica: “Alguém que domine sofrivelmente um tema fará com um LLM (Large Language Model) um trabalho medíocre. Mas o mesmo LLM, nas mãos de alguém altamente qualificado, assegura acréscimos exponenciais de produtividade e de valor. Em ano olímpico, é a diferença entre o salto em altura e o salto com vara”. No fundo, clarifica João Paulo Carvalho, “outro patamar económico é atingido quando essa qualificação e esse conhecimento se convertem em produtos transaccionáveis globalmente. Nada nos impede de sermos criadores de soluções de IA generativa e não apenas consumidores”.

O Q-Day irá também apresentar o que está a acontecer no processo de integração da Inteligência Artificial, em muitos casos fruto do empenho e do trabalho contínuo da Quidgest, que tem apoiado, por exemplo, um conjunto de meetups que oferecem laboratórios práticos de aplicação de IA generativa, e organizado estágios de Verão para investigação no mesmo tema que, este ano, contaram com uma dezena de participantes. “Vamos ainda lançar, com uma organização não lucrativa espanhola, os sábados da IA (AI Saturdays) em Lisboa, e a nossa academia continua a mostrar como se usa IA generativa híbrida para aliar automatismo e rigor, na tarefa de grande exigência em precisão que é o desenvolvimento de software”, complementa o administrador.

Ao longo de um dia de partilha, haverá igualmente espaço para destacar novas empresas e a forma como uma oferta baseada em IA entrou já nas organizações mais dinâmicas, especialmente em Portugal e na Dinamarca, que é este ano o país convidado. O objectivo é mostrar, em particular, as iniciativas que conseguiram criar modelos de negócio originais e viáveis.

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O Q-Day será ainda palco para o lançamento de um livro sobre o impacto da IA generativa nas dez áreas funcionais que estruturam as organizações, da gestão de pessoas e do aprovisionamento à estratégia e à conformidade regulatória, que será oferecido aos participantes. “Acreditamos que será uma contribuição valiosa para a reflexão que todas as empresas têm de fazer sobre o seu futuro, à luz desta nova tecnologia”, sublinha João Paulo Carvalho.

O desafio de enquadrar os LLM

Com uma experiência de 36 anos no trabalho com a IA generativa, a Quidgest distingue-se no mercado pela sua abordagem diferente e confiante. Aliás, é desta aposta contínua na IA GENerativa, ou Gen AI, que surge o nome da sua plataforma de desenvolvimento automático de software empresarial, o GENio. “Insistimos que, para todas as tarefas que requerem maior rigor, como a engenharia do software, a medicina ou o aconselhamento jurídico, é preciso combinar o domínio da linguagem dos LLM com o rigor da lógica formal, do conhecimento e da modelação”, aponta João Paulo Carvalho.

Com esta perspectiva, a empresa refuta a versão “IA contra humanos”, que, acredita o administrador, “só conduz a distopias”. Na sua opinião, a IA é, e continuará a ser, uma tecnologia desenvolvida por pessoas, e pela qual apenas pessoas são responsáveis. “O único risco que alguém competente corre face à IA generativa é a sua própria resistência à inovação e à tecnologia”, defende.

O responsável da Quidgest acredita ainda que existe um espaço para a criação de valor, com recurso à IA generativa, que não passa por competir ao nível dos LLM, o que exigiria meios inacessíveis à maior parte das empresas. “E este espaço tem imensas possibilidades, incluindo soluções de proximidade, auxiliares de organização de tarefas ou de agendas, assistentes para a criação de apresentações, gestores de e-mails e a reengenharia dos processos de negócio documentada no livro que vamos distribuir”.

João Paulo Carvalho não teme riscos de monopólio, uma vez que os LLM de código aberto proliferam e são bem-sucedidos, e as barreiras à investigação subsequente são inexistentes. “O conhecimento sobre IA generativa está muito distribuído, o que só pode contribuir para o conforto na sua adopção. O potencial é imenso”, conclui.