Harvey Weinstein alvo de novas acusações criminais em Nova Iorque

Depois de, em Abril, ter visto a sua condenação por violação anulada, Harvey Weinstein foi indiciado por novas acusações e poderá enfrentar novo julgamento em Novembro.

Foto
Harvey Weinstein numa audiência em tribunal, em Julho passado Andrew Kelly / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:28

Harvey Weinstein foi alvo de novas acusações criminais, adiantou esta quinta-feira a justiça nova-iorquina, numa altura em que o gabinete do procurador distrital de Manhattan se prepara para voltar a julgar o antigo magnata do cinema após a reversão da sua condenação por violação.

Os jurados de Manhattan consideraram Weinstein, de 72 anos, culpado de acusações de violação em 2020, mas o tribunal de recurso de Nova Iorque rejeitou a condenação em Abril, considerando que Weinstein não foi alvo de um julgamento justo, dado ter sido permitido o testemunho, por parte da acusação, de denunciantes que o produtor não tinha sido formalmente acusado de agredir sexualmente.

Os procuradores de Manhattan declararam em Julho estar a investigar mais agressões sexuais violentas alegadamente cometidas por Weinstein, depois de mais mulheres terem concordado em testemunhar contra o co-fundador dos estúdios Miramax. Weinstein negou ter alguma vez mantido quaisquer relações sexuais não consensuais.

Durante uma audiência perante o juiz Curtis Farber, no tribunal estadual de Nova Iorque, em Manhattan, esta quinta-feira, a procuradora Nicole Blumberg disse que um grande júri tinha indiciado Harvey Weinstein com acusações adicionais, sem especificar o teor das mesmas.

Weinstein não esteve presente na audiência, dado que, este domingo, foi transportado de urgência da prisão de Nova Iorque, onde se encontra detido, para um hospital, onde foi submetido a uma cirurgia cardíaca de emergência. Os seus advogados dizem que está a braços com problemas graves de saúde, que requerem tratamento contínuo.

Farber marcou provisoriamente a data do julgamento para 12 de Novembro, manifestando-se aberto, contudo, a considerar a hipótese de este se iniciar mais cedo.

O advogado de Weinstein defendeu ser injusto os promotores tentarem acrescentar mais vítimas ao caso depois de a condenação ter sido anulada.

De acordo com os seus representantes, a saúde do antigo rei de Hollywood deteriorou-se significativamente nos últimos anos, estando confinado a uma cadeira de rodas.

Apesar da reversão da sua condenação em Nova Iorque, Weinstein permaneceu detido na cidade devido a uma outra condenação por violação na Califórnia.

Um marco #MeToo

A condenação inicial de Weinstein em Nova Iorque foi um marco para o movimento #MeToo, através do qual foi denunciada a prática reiterada, enraizada, de assédio e agressões sexuais no mundo do entretenimento, dos media ou da política.

Um júri considerou que Weinstein agrediu sexualmente a antiga assistente de produção Miriam Haley em 2006 e violou a aspirante a actriz Jessica Mann em 2013, duas entre as mais de 80 mulheres que acusaram o produtor de agressão sexual. Em 2020, Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão em Nova Iorque e está a recorrer de uma pena independente de 16 anos de prisão a que foi sentenciado em 2022 por um tribunal da Califórnia.

Neste último processo, um júri de Los Angeles considerou Weinstein culpado de violação, cópula oral forçada e penetração sexual por um objecto estranho, mas absolveu-o das acusações relativas a uma segunda acusadora.

O juiz que supervisiona o processo declarou a anulação do julgamento nos casos em que o júri não conseguisse chegar a um veredicto, o que incluiu as alegações feitas por Siebel Newsom, mulher do governador da Califórnia, Gavin Newsom.

No julgamento de Nova Iorque, Weinstein foi retratado como um predador em série que manipulava mulheres com promessas de progressão na carreira em Hollywood, persuadindo-as a irem para quartos de hotel ou apartamentos privados, onde as dominava e atacava violentamente.

Durante a audiência de sentença em Manhattan, em 2020, Weinstein declarou a sua preocupação com os "milhares de homens que estão a perder o devido processo legal" na sequência do movimento #MeToo.