Primeiro avião 100% eléctrico certificado usado em instrução em Viseu

O Pipistrel Velis Electro vai ficar no aeródromo de Viseu para ser usado em fases de instrução. Director executivo da International Flight Academy acredita que “é este o futuro”.

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O avião vai ser usado para formação de alunos do curso de pilotos pela IFA e tem uma autonomia de voo de 50 minutos Paulo Novais / LUSA
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O primeiro avião 100% eléctrico certificado no mundo, um aparelho que traz "grande diferença" no custo de operação, está a ser usado em instrução em Viseu, afirmou, esta quarta-feira, o director executivo da International Flight Academy (IFA) José Madeira.

"O Pipistrel Velis Electro é o primeiro avião certificado no mundo. É um avião 100% eléctrico, só tem propulsão eléctrica, tem duas baterias, cada uma de 12,5 quilowatts (kW), ou seja, 25 kW no total, tem uma autonomia de 50 minutos", especificou José Madeira.

O director executivo da IFA, que tem um pólo em Viseu, afirmou que este avião, que pesa cerca de 500 quilos, "é perfeitamente adequado para as fases iniciais de instrução" e, em termos de comportamento e capacidade de voo, "comporta-se como um avião normal" que tem mais 100 quilos.

O Pipistrel Velis Electro é o primeiro avião certificado no mundo PAULO NOVAIS/LUSA
Este avião, que pesa cerca de 500 quilos, é perfeitamente adequado para as fases iniciais de instrução PAULO NOVAIS/LUSA
Este primeiro avião eléctrico vai ficar em Viseu, por ser um aeródromo com pouco tráfego e, portanto, mais adequado à operação do equipamento PAULO NOVAIS/LUSA
O avião não consegue fazer a amplitude de operação dos outros, mas não é necessário para o propósito que vai cumprir PAULO NOVAIS/LUSA
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O Pipistrel Velis Electro é o primeiro avião certificado no mundo PAULO NOVAIS/LUSA

"Iniciámos o nosso processo de instrução com uma fase de testes e, neste momento, estamos a utilizar e a adaptar o nosso programa de instrução às particularidades de um avião eléctrico", acrescentou.

José Madeira comparou os custos de operação, como manutenção, e todos os custos associados do novo avião 100% eléctrico com um motor de combustão interna, os usados até ao momento na IFA: "Ronda os 150 euros por hora e este avião em termos de custo de operação, o eléctrico, também com os mesmos factores de produção associados tem à volta dos sete, oito euros por hora, portanto, estamos a falar de realidades completamente distintas".

O director executivo esclareceu ainda que "é evidente que o eléctrico não consegue fazer a amplitude de operação que conseguem os outros aviões, mas para esta fase [de instrução] adequa-se perfeitamente".

"É, sem dúvida, este o futuro, ou seja, nós contamos, e por isso apostámos fortemente no eléctrico, que vai haver uma grande inovação do ponto de vista da capacidade das baterias, até da reciclagem da energia através do hélice. Todos esses factores vão sendo cada vez mais aprimorados e acreditamos que o futuro da instrução há-de passar muito pela utilização da aviação eléctrica", defendeu.

Além da instrução, José Madeira considerou que o "debate tem de ser muito mais amplo, porque a quantidade de energia por peso das baterias ainda está muito aquém daquilo que é a utilização" dos combustíveis fósseis.

"Uma aviação sustentável, verde, será feita, do ponto de vista comercial de transporte de passageiros, muito mais através do hidrogénio produzido através de métodos sustentáveis, nomeadamente, centrais solares, do que aviões eléctricos a bateria", considerou.

Este primeiro avião eléctrico, e os outros que a IFA quer adquirir, vai ficar em Viseu, porque é um aeródromo que se adequa "perfeitamente à operação deste avião, com pouco tráfego".

Com capacidade para duas pessoas, o voo inaugural do avião 100% eléctrico foi comandado pela instrutora sénior Inês Oliveira que se fez acompanhar pela aluna Sara Bala.

Aos jornalistas Inês Oliveira disse que o voo "é bastante semelhante" a um avião a combustíveis fósseis, a "única diferença" que a instrutora considerou "mais interessante" é que "é um avião mais ergonómico e vai facilitar a instrução" aos alunos.

"Para eles vai ser mais simples, ou seja, é um complemento bastante bom à frota", defendeu Inês Oliveira que assumiu que a instrução será feita nos dois tipos de avião, e destacou ainda o "maior silêncio" em voo, aspecto este que "é melhor" para a instrução.

A IFA tem sede em Cascais, onde se concentram cerca de 200 alunos, e o pólo em Viseu, que conta com cerca de 60 alunos de 11 nacionalidades de vários continentes. Desde 2019 formou 40 pilotos.