China vai participar pela primeira vez nos exercícios militares anuais do Brasil

EUA esclarecem que os soldados chineses não vão treinar com os militares norte-americanos, que também participam na “Operação Formosa 2024”. São “ambas nações amigas”, diz Marinha brasileira.

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"Operação Formosa 2024" vai abranger 3000 soldados brasileiros e ainda carros de combate, veículos blindados, aeronaves, sistemas de artilharia e lançadores de mísseis e de foguetes Ueslei Marcelino / REUTERS
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Soldados da República Popular da China vão participar na edição deste ano dos principais exercícios militares das Forças Armadas do Brasil, que arrancam na quarta-feira, e que também contam com a participação de soldados dos Estados Unidos. É a primeira vez que a China integra a chamada “Operação Formosa”, que se realiza desde 1988, no estado de Goiás.

Citado pela Reuters, Pete Nguyen, porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano, apressou-se, no entanto, a esclarecer que “apesar de a RPC [China] também estar presente no exercício, as tropas dos EUA não vão treinar ao lado ou com” os militares chineses.

A competição geopolítica entre EUA e China também se tem intensificado no campo militar, com as Forças Armadas das duas principais potências do globo a liderarem ou a participarem em exercícios militares de média e pequena escala em diferentes pontos do planeta, com especial destaque para a região alargada do Indo-Pacífico, onde a corrida ao armamento é cada vez mais uma realidade.

Através de um comunicado, a Marinha do Brasil lembrou a estreia dos EUA na “Operação Formosa 2023” e sublinhou a sua satisfação com a participação chinesa na edição deste ano: “Na ‘Operação Formosa 2024’ temos pela primeira vez a participação de parcelas de tropa constituída de ambas nações amigas.”

Apesar da proximidade histórica entre Brasília e Washington e mesmo tendo em conta o afastamento generalizado entre os países ocidentais, liderados pelos EUA, e aqueles que apoiam ou toleram a invasão da Ucrânia pela Federação Russa, o Governo de Lula da Silva tem posto em prática uma estratégia diplomática de diálogo e de cooperação com outras potências, nomeadamente as que fazem parte do chamado “Sul Global” e as que integram os BRICS: Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Temos interesses políticos e temos interesses em construir uma nova geopolítica”, assumiu o Presidente brasileiro, no ano passado, aquando de uma visita a Pequim.

“A realização de convites a nações amigas para participação em exercícios é de praxe”, explicou a Marinha brasileira, citada pelo jornal O Globo. “A importância de tal convite está directamente relacionada com a possibilidade de promoção de uma maior integração entre a Marinha do Brasil e as forças das nações amigas.”

Levada a cabo entre quarta-feira e terça-feira da próxima semana, perto da localidade brasileira de Formosa — a Nordeste de Brasília —, a “Operação Formosa 2024” contará ainda com observadores das Forças Armadas de oito países: África do Sul, Argentina, Congo, França, Itália, México, Nigéria e Paquistão.

Centrados em Formosa, mas abrangendo uma área de território que vai até ao Rio de Janeiro, a mais de 1400 quilómetros, a Sudeste, os exercícios militares vão simular uma operação anfíbia, envolver efectivos e meios do Exército, da Marinha e da Força Área e recorrer a fogo real.

Segundo o Globo, que cita o Ministério da Defesa brasileiro, prevê-se a participação de cerca de 3000 soldados brasileiros, assim como de carros de combate, veículos blindados, aeronaves, sistemas de artilharia e lançadores de mísseis e de foguetes.

Em declarações ao South China Morning Post, as Forças Armadas brasileiras informaram que vão participar 33 soldados chineses e 54 norte-americanos, das Marinhas dos respectivos países.

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