Governo demite presidente do IAPMEI e escolhe gestor do BCP

Luís Guerreiro iria cumprir o primeiro ano de mandato no sábado. Segue-se José Pulido Valente. Direcção tem de momento dois membros, um em substituição e outro com mandato expirado.

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Ministro da Economia, Pedro Reis, comunicou a Luís Guerreiro, na terça-feira ao fim da tarde, que estava exonerado Rui Gaudêncio (ARQUIVO)
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O ministro da Economia demitiu o presidente do IAPMEI, Luís Guerreiro, a quatro dias de este último cumprir o seu primeiro ano de mandato na liderança da Agência para a Competitividade e Inovação. O sucessor será José Pulido Valente, um gestor do BCP que o Governo apresenta como alguém com “uma vasta carreira na área da banca, tendo passado pelas diversas áreas que se cruzam com as competências do IAPMEI”.

Ao que o PÚBLICO confirmou, o ministro Pedro Reis convocou Luís Guerreiro na terça-feira, 10 de Setembro, ao fim da tarde, para lhe comunicar que seria dispensado.

Apesar de ter tecido elogios ao agora ex-presidente – que tinha sido nomeado pelo anterior ministro da pasta, António Costa Silva –, Pedro Reis terá justificado a demissão com a vontade de imprimir uma nova dinâmica ao IAPMEI, que é uma das agências públicas mais importantes no apoio às empresas portuguesas.

Num comunicado do Ministério da Economia, emitido depois da notícia da exoneração avançada pelo PÚBLICO, o gabinete de Pedro Reis diz que se pretende “dar um novo impulso” àquela agência, que tem um papel fundamental na gestão de diversos programas de fundos europeus, em particular nas componentes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do PT 2030 direccionadas ao tecido empresarial.

“Inicia-se assim uma nova etapa do IAPMEI, focada na necessidade de melhorar o nível de serviço com as empresas e a eficiência da instituição, bem como a celeridade na avaliação e resposta aos programas de incentivo em curso”, acrescenta o mesmo comunicado, aludindo assim, nas entrelinhas, às críticas que têm sido feitas por empresários, deputados e outras partes interessadas por causa dos atrasos ou da demora na avaliação, aprovação ou pagamento de apoios às empresas.

A direcção, que tem quatro lugares (presidente, vice-presidente e dois vogais), fica assim reduzida a duas pessoas: Sara Carrasqueiro (vice-presidente) e Nuno Gonçalves (vogal). Ambos estão numa situação precária. A “vice” está no cargo em regime de substituição, havendo um processo de selecção a decorrer na Cresap – Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, e o vogal terminou o seu mandato em Março, sendo que o concurso para essa posição ainda nem sequer foi aberto.

Na Cresap há um segundo processo de recrutamento em curso, que diz respeito à posição de vogal que era exercida por Marisa Garrido, que deixou o IAPMEI para assumir, em Abril, um lugar no Governo actual, como secretária de Estado da Administração Pública.

Luís Guerreiro despede-se nesta quarta-feira da instituição e amanhã já não estará a trabalhar. Reuniu-se nesta manhã com as equipas do IAPMEI para anunciar a sua saída. José Pulido Valente assume o cargo em substituição, até à conclusão do procedimento concursal na Cresap.

Sobre o sucessor, o ministério resume a formação académica e o percurso profissional em três parágrafos.

“Começou o seu percurso em 1983, no Banco Pinto & Sottomayor, como analista do departamento de Internacional. Em 1985, foi liderar o departamento jurídico do BCP, onde mais tarde veio a desempenhar funções de responsável pelo marketing, de director-geral do Private Banking e director-geral do departamento de Qualidade.

Em 1997 assumiu a presidência do antigo Banco 7 e em 2001 o cargo de CEO do ActivoBank. Foi ainda vice-CEO do ActivoBank em Espanha, até 2003, director-geral da rede de retalho do Millennium BCP para a região Sul, até 2006, e director de Corporate Banking até 2021. Foi director coordenador da Direcção de Crédito Especializado e Imobiliário até ao momento.

José Pulido Valente é licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, foi bolseiro da Hanns-Seidel Stiftung em Munique, é pós-graduado em Direito Comunitário pela Universidade Católica e em Direito da Internet pela Faculdade de Direito de Lisboa. Concluiu o INSEAD Eureko Program e o Programa de Alta Direcção de Empresas da AESE.”

Também a AICEP, outra agência pública hoje tutelada pelo ministério de Pedro Reis, mudou de administração por vontade do Governo, que no início de Junho passado escolheu o economista Ricardo Arroja para o lugar de Filipe Santos Costa.

Mas, ao contrário do que aconteceu na AICEP, cuja administração foi dissolvida, no caso do IAPMEI mantêm-se em funções a vice-presidente e o vogal. Nesta agência o Governo vai aguardar pelas decisões da Cresap, em relação aos candidatos que se apresentaram nos dois concursos de recrutamento que estão a decorrer, e depois, escolher entre os candidatos que vierem a se aprovados. E que podem muito bem ser os mesmos que hoje em dia já estão na cúpula do IAPMEI, no caso de se terem apresentado aos respectivos concursos.

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