Prémio Literário Natália Correia atribuído a João Albano Fernandes
Caindo de Mais Alto, livro de uma “inequívoca maturidade literário”, será editado pela câmara de Ponta Delgada, que criou o prémio em 2021. Autor receberá ainda 7500 euros.
O júri do Prémio Literário Natália Correia 2024 — Ficção decidiu esta quarta-feira atribuir a distinção à obra Caindo de Mais Alto, de João Albano Fernandes, e entregar ainda uma menção honrosa a Esperanças e Desilusões, de Luís Corredoura.
Segundo uma nota de imprensa da autarquia de Ponta Delgada, que criou o prémio em 2021, o júri assinala "a excelência da ficção literária" evidenciada por ambas as obras, distinguindo-as por entre as 73 que foram admitidas e analisadas nesta quarta edição do concurso.
Entre outras considerações sobre Caindo de Mais Alto, o júri destacou a "escrita inaugural e poética" patente na obra, descrita como uma "lição de literatura" que "honra" o prémio.
"Ao longo de 136 páginas, a leitura fica cativa de uma voz com inequívoca maturidade literária, que nos prende ao espanto da beleza erguida sobre uma vida em ruínas. E quando pensamos que nada mais nos poderá surpreender nesta narrativa, o modo como ela termina não só nos faz acreditar na redenção, como nos mostra, em poucas palavras, de que são feitos os grandes textos literários", lê-se na nota divulgada.
A obra vencedora vai ser editada pela Câmara Municipal de Ponta Delgada e o vencedor receberá 7500 euros. A cerimónia de entrega do prémio e da menção honrosa está agendada para 10 de Outubro no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
O Prémio Literário Natália Correia tem como objectivo incentivar e apoiar o desenvolvimento das artes literárias, fomentando a criatividade e o gosto pela leitura e pela escrita. O prémio foi criado em 2021 pela autarquia de Ponta Delgada, marcando na ocasião o início das comemorações do centenário da escritora que dá nome ao galardão.
Com esta iniciativa, o município da ilha de São Miguel pretende distinguir autores com obras originais e inéditas redigidas em português.
Natália Correia nasceu a 13 de Setembro de 1923, na freguesia da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, e foi viver para Lisboa aos 11 anos. Apesar de ser conhecida como poetisa, a extensa obra da escritora micaelense inclui também trabalhos de ficção, teatro, ensaio e diário.
Foi responsável pela organização de várias antologias, das quais se destaca a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, um livro censurado pela ditadura que lhe valeu uma pena suspensa de três anos de prisão, em 1966. Destacou-se também na vida política, onde apoiou o Movimento de Unidade Democrática e a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, em oposição ao Estado Novo, bem como as candidaturas à Presidência da República dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado.
Foi eleita como deputada à Assembleia da República pelo PSD, em 1980, mas acabaria a legislatura como deputada independente, por não apoiar a visão conservadora do partido. Voltou a ocupar um assento parlamentar, de 1987 a 1991, pelo Partido Renovador Democrático, do general Ramalho Eanes. Morreu a 16 de Março de 1993, em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco.