Ucrânia faz maior ataque com drones até hoje à região de Moscovo

Pelo menos 20 drones foram destruídos na região de Moscovo, com vários ataques a atingirem outras regiões do país esta noite. Ucrânia empenhada em levar a guerra para solo russo.

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Um edifício residencial em Ramenskoye, na região de Moscovo, terá sido atingido na região de Moscovo YURI KOCHETKOV / EPA
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A Ucrânia realizou um ataque aéreo com drones à região de Moscovo durante a madrugada desta terça-feira, matando uma pessoa e ferindo outras três, segundo as autoridades russas.

Segundo o governador da região de Moscovo, Andrei Vorobiov, no seu canal de Telegram, a vítima mortal era uma mulher de 46 anos e os três feridos terão sido resultado a um ataque a um edifício residencial na cidade de Ramenskoie, a cerca de 50 km da cidade de Moscovo.

Foram atingidos vários edifícios perto da capital russa e o ataque causou fortes perturbações ao tráfego aéreo. Durante seis horas, três dos quatro aeroportos que servem Moscovo foram encerrados, obrigando ao desvio de mais de 50 voos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o ataque ucraniano demonstra que o "regime de Kiev" é inimigo da Rússia e que as forças russas têm de "continuar a operação militar [nome dado pelo Kremlin à invasão da Ucrânia]" para se protegerem "de tais manifestações deste regime".

Apesar de não ser a primeira vez que drones enviados pela Ucrânia alcançam a capital russa, este foi o ataque deste género que mais danos causou. Privada de poder usar mísseis de longo alcance fornecidos pelos seus aliados ocidentais para atacar alvos no território russo, a Ucrânia tem investido em drones para conseguir atingir o país inimigo. Nos últimos meses, os ataques deste tipo têm intensificado, no âmbito de um dos objectivos declarados de Kiev: levar a guerra para solo russo.

As autoridades ucranianas acreditam que uma forma de poder forçar o Presidente russo, Vladimir Putin, a terminar a ofensiva nos termos desejados por Kiev é através de ataques na própria Rússia, seja aéreos ou através de incursões terrestres como a que ocorre há mais de um mês na província de Kursk. Para a maioria dos russos, a invasão da Ucrânia, iniciada há mais de dois anos e meio, tem tido um impacto reduzido no seu quotidiano, apesar das inúmeras sanções que restringem a economia russa e do isolamento internacional do país.

Com ataques deste género, esperam os dirigentes ucranianos, os efeitos do conflito poderão levar a população russa a expressar de forma mais firme a sua oposição à continuidade da guerra – desde o início da invasão em larga escala que o regime russo apertou o cerco a qualquer tipo de crítica ou dissidência pública, sobretudo no que respeita à chamada "operação militar especial".

A grande maioria dos drones enviados pela Ucrânia para atacar o território russo tem como alvo as regiões fronteiriças, como Belgorod ou Kursk, que é onde também se localizam as principais bases aéreas e logísticas usadas pelas forças ao serviço do Kremlin para lançarem bombardeamentos sobre o país vizinho. Mas um ataque como o desta terça-feira sobre Moscovo tem, sobretudo, um carácter simbólico por se dirigir contra a zona metropolitana da capital, onde vivem mais de oito milhões de pessoas.

Segundo a Reuters, a Rússia disse que pelo menos 20 drones foram destruídos enquanto sobrevoavam a região de Moscovo. Para além destes, outros 144 foram destruídos em oito regiões da Rússia.

"Durante a noite passada, 144 drones ucranianos do tipo avião foram destruídos e interceptados pelas forças de defesa aérea em serviço durante uma tentativa do regime de Kiev de levar a cabo um ataque terrorista utilizando veículos aéreos não tripulados contra instalações no território da Federação Russa​", escreveu o Ministério da Defesa russo no Telegram.

"72 drones sobre a região de Bryansk, 20 sobre a região de Moscovo, 14 sobre a região de Kursk, 13 sobre a região de Tula, oito sobre a região de Belgorod, sete sobre a região de Kaluga, cinco sobre a região de Voronezh, quatro sobre a região de Lipetsk e um sobre a região de Orel", escreveram também.

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