Homem acusado de matar atleta ugandesa morreu das queimaduras sofridas no ataque

O ex-companheiro de Rebecca Cheptegei estava internado num hospital no Quénia com queimaduras em 30% do corpo.

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Rebecca Cheptegei representou o Uganda nos Jogos Olímpicos em Paris Dylan Martinez / REUTERS
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O ex-companheiro da atleta ugandesa Rebecca Cheptegei, acusado de a ter assassinado depois de lhe ter ateado fogo com gasolina, morreu devido às queimaduras sofridas durante o ataque, informou na terça-feira o hospital queniano onde estava a ser tratado.

Cheptegei, 33 anos, que competiu na maratona nos Jogos Olímpicos de Paris, sofreu queimaduras em mais de 75% do corpo no ataque de 1 de Setembro e morreu quatro dias depois.

O seu antigo namorado, Dickson Ndiema Marangach, morreu às 19h50 locais (17h50 em Portugal Continental) de segunda-feira, disse Daniel Lang'at, porta-voz do Hospital Moi Teaching and Referral em Eldoret, no Oeste do Quénia, onde Cheptegei também foi tratada e morreu.

"Ele morreu devido aos ferimentos, às queimaduras que sofreu", disse Lang'at à Reuters. Os meios de comunicação social locais noticiaram que ele tinha sofrido queimaduras de 30% quando agrediu Cheptegei, quando ela regressava a casa da igreja com os filhos.

Cheptegei, que terminou em 44.º lugar na maratona nos Jogos Olímpicos de Paris, é a terceira desportista de elite a ser morta no Quénia desde Outubro de 2021. A sua morte chamou a atenção para a violência doméstica no país da África Oriental, especialmente no seio da sua comunidade de atletas.

Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que as atletas do sexo feminino no Quénia, onde muitas atletas internacionais treinam em altitude, correm um elevado risco de exploração e violência às mãos de homens atraídos pelo dinheiro dos prémios, que excede em muito os rendimentos locais.

"Justiça teria sido que ele se sentasse na prisão e pensasse no que tinha feito. Esta não é uma notícia positiva", afirma Viola Cheptoo, co-fundadora do Tirop's Angels, um grupo de apoio a sobreviventes de violência doméstica na comunidade de atletas do Quénia.

"O choque da morte de Rebecca ainda é recente", disse Cheptoo à Reuters.

Cheptoo foi co-fundadora do Tirop's Angels em memória de Agnes Tirop, uma estrela em ascensão no atletismo queniano, que foi encontrada morta na sua casa, na cidade de Iten, em Outubro de 2021, com múltiplas facadas no pescoço.

Ibrahim Rotich, marido de Tirop, foi acusado do seu assassínio e declarou-se inocente. O processo está em curso.

Cerca de 34% das raparigas e mulheres quenianas com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos foram vítimas de violência física, de acordo com dados governamentais de 2022, estando as mulheres casadas particularmente em risco. O inquérito de 2022 revelou que 41% das mulheres casadas tinham sido vítimas de violência.

Globalmente, uma mulher é morta por alguém da sua própria família a cada 11 minutos, de acordo com um estudo da ONU de 2023.