Novo telescópio óptico vai monitorizar o espaço a partir da Base Aérea de Beja

Telescópio apresentado esta terça-feira já está a operar em Beja. A informação recolhida poderá ajudar a dar indicações sobre as manobras necessárias para objectos no espaço.

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O telescópio óptico de monitorização do espaço foi apresentado esta terça-feira Nuno Veiga / LUSA
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O telescópio óptico mais avançado em Portugal começou a operar na Base Aérea n.º 11, em Beja, para monitorizar objectos no espaço, cuja informação terá utilidade para a defesa nacional e também para apoiar a manobras de satélites.

“Temos que ter olhos para podermos cumprir a missão”, afirmou esta terça-feira o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Cartaxo Alves, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração do novo telescópio realizada na base aérea em Beja.

Envolvendo um investimento total de 25 milhões de euros, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o equipamento resulta de uma parceria entre a Força Aérea Portuguesa (FAP) e a empresa aeroespacial portuguesa Neuraspace.

O telescópio óptico está localizado dentro do perímetro da base aérea de Beja, junto à pista, e entrou recentemente em pleno funcionamento, depois de ter cumprido um período de testes que se prolongou durante cerca de dois meses. O chefe do Estado-Maior da Força Aérea salienta que a instalação deste telescópio representa “um dos primeiros grandes passos” para a concretização da nova estratégia da FAP focada no espaço.

“Estamos muito mais capacitados para responder aos desafios futuros que se fazem ao nosso país”, vincou Cartaxo Alves, general da FAP.

Também em declarações aos jornalistas, Pedro Costa, coronel e director do Centro de Operações Espaciais da FAP, explicou que o telescópio “vai fazer o seguimento e monitorização dos objectos no espaço, sejam satélites operacionais, seja lixo espacial”.

Conhecer o espaço

“Estamos a filmar, a fazer pequenos filmes durante a noite, que é o período no qual o sensor opera, dos objectos que reflectem a luz e, com essa informação, com base num catálogo, permite-nos identificar o referido objecto”, adiantou. Segundo Pedro Costa, a informação obtida tem aplicação nas áreas da segurança e da defesa nacional, mas também em termos comerciais, ao abrigo da parceria estratégica com a empresa Neuraspace.

Para a segurança e defesa, “precisamos de saber, por exemplo, quando fazemos sair o nosso [avião de combate] F-16, o que está por cima, o que nos está a captar, para manter também toda a operação discreta e tirar valor operacional”, apontou. “Este sensor também vai permitir apoiar reentradas vindas do espaço e, nesse sentido, vai garantir aquilo que é uma segurança também de pessoas e bens de objectos que venham do espaço exterior”, realçou Pedro Costa.

Já para a Neuraspace, de acordo com o responsável, a informação fornecida pelo telescópio serve para a empresa “dar apoio aos operadores no que diz respeito a manobras de satélites no espaço”.

“Os objectos [no espaço] são tantos que os satélites carecem de serem movimentados para evitar colisões”, sublinhou. Apontando este telescópio ótico como um dos mais avançados do mundo, o director do Centro de Operações Espaciais da FAP precisou que foi pensado para captar imagens a distâncias “entre os 300 e os 8000 quilómetros”.

“Mas, na verdade, o trabalho que foi feito em Portugal na preparação e junção de todas as valências permitiu fazer, ainda ontem [segunda-feira], com uma noite espectacular em Beja, observações quase aos 38.000 quilómetros”, disse.

A construção do equipamento e o desenvolvimento do seu software, que utiliza algoritmos de inteligência artificial, contou com a colaboração da indústria nacional e de instituições de ensino superior, além da FAP. Actualmente, e dois anos depois de ter sido lançada, a Neuraspace já monitoriza mais de 300 satélites.