Por esta altura, as filas dos supermercados adensam-se com quem se está a abastecer de material escolar, já há horários a postos para serem preenchidos e presos na porta do frigorífico com um íman, faz-se vistoria às roupas que, depois de um Verão de crescimentos, deixaram de servir.

Após um intervalo, as rotinas estão de volta, com o início de mais um ano escolar, que poderão ser mais complicadas de retomar quando se dá um salto de ciclo. Os miúdos precisam de se ajustar e os pais de aprender algumas lições, como escreve Inês Duarte de Freitas, dando dicas de como lidar com as mudanças a cada passo: da passagem da creche para o jardim-de-infância à saída do 3º ciclo para o secundário.

É, porém, quase impossível deixar de sentir alguma emoção nessas passagens, como desabafa a cronista Madalena Sá Fernandes, ao ver a filha a preparar-se para o arranque do primeiro ciclo, com todas as palavras do mundo que a esperam. Ou algum nervosismo, garante Bruno Peixoto, professor associado do Instituto Universitário de Ciências da Saúde-CESPU, quando o pulo é para a universidade. No que Inês Ferraz, doutorada em Estudos da Criança com a especialidade de Psicologia do Desenvolvimento e Educação e investigadora do Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho, insiste é na necessidade de adequar horários, sobretudo quando estamos a tratar de crianças pequenas, que não precisam de agendas assoberbadas de actividades extracurriculares e de deveres escolares.

Quem não se tem de preocupar com uma mudança de escolha são os dois filhos mais novos de Vladimir Putin. Os rapazes, de 5 e 9 anos, nascidos da relação com a ginasta Alina Kabaeva, diz uma nova investigação, vivem isolados de tudo e de todos, com vidas de príncipes, tendo o ensino garantido por professores contratados, aos quais é exigido total sigilo.

Do que definidamente não sofrem Putin e Kabaeva, que diz o trabalho pouco vêem os filhos, é de burnout parental (podem sofrer de outros nervos, claro, basta ler a história para perceber melhor porquê). Mas este estado de permanente exaustão é real para muitos, como explicou a investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) Marisa Matias durante a 3.ª Conferência Internacional sobre Burnout Parental, que decorreu, quinta e sexta-feira, no Porto. "Os estudos demonstram como o burnout parental conduz a um sofrimento significativo tanto dos pais como das crianças, o que torna urgente o desenvolvimento de ferramentas de prevenção e de intervenção nesta área."

Foi, aliás, à parentalidade que a juíza Ketanji Brown Jackson, a primeira mulher negra a ser nomeada para o Supremo Tribunal dos EUA, dedicou o seu livro de memórias, Lovely One. Nele, desbrava sobre o desafio de ter uma filha diagnosticada com uma perturbação do espectro do autismo, sobretudo quando deu conta que a sua nomeação implicaria um escrutínio à sua vida pessoal. A juíza admite que o diagnóstico de autismo de Talia — em 2012, quando tinha 11 anos — foi devastador. Mas, acrescenta, foi também um alívio: "Podíamos finalmente aceitar que a vida dela seria provavelmente diferente daquela que tínhamos imaginado quando era recém-nascida."

Também a princesa maori Nga Wai Hono i te Po Paki, terceira filha do rei maori Tuheitia Pootatau Te Wherowhero VII, não parecia estar destinada ao trono. No entanto, o afastamento dos irmãos mais velhos e a sua dedicação à cultura maori levaram o conselho, composto exclusivamente por homens, a escolhê-la como soberana. É a segunda vez que uma mulher ostenta a coroa maori, criada em meados do século XIX como uma forma de ter quem se apresentasse em pé de igualdade com a rainha Vitória, numa altura em que a população indígena da Nova Zelândia se via a braços com problemas com os colonizadores britânicos.

Por fim, vale a pena ler como a candidatura de Kamala Harris à Casa Branca animou Jimmy Carter, o ex-Presidente dos EUA, que, em breve, completa 100 anos (a 1 de Outubro). Um fôlego, conta o filho, que até o levou a voltar a apreciar cupcakes. A cada um, os seus pequenos grandes prazeres, que todos precisamos deles para relaxar entre stresses.

Boa semana, bons regressos.