Metro do Porto vai abater mais do dobro das árvores previstas no Campo Alegre

Para construir estação da Linha Rubi, no Porto, serão removidos 101 exemplares, em vez de 38. Impacto também será maior que o inicialmente estimado em Gaia, mas ainda não há números.

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Linha Rubi leva à construção de uma nova ponte sobre o rio Douro. DR
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Quando foi levada a cabo a Avaliação de Impacte Ambiental da nova linha rubi do Metro do Porto, em Janeiro de 2023, estava previsto que 38 árvores fossem afectadas para construir a estação do Campo Alegre.

No documento, lia-se que os números eram ainda indicativos. Os trabalhos avançaram, o contrato para a construção da linha que vai ligar a Casa da Música, no Porto, a Santo Ovídio, em Gaia, foi adjudicado e a obra está já no terreno. Em Julho, deu entrada na Câmara Municipal do Porto (CMP) um pedido que fixava um novo número de árvores a abater: afinal, são 99. A Metro do Porto quer também transplantar dois azevinhos.

Entre os abates previstos há carvalhos, tílias, áceres e plátanos, além de outras espécies, sendo que 23 exemplares são de grande porte, 66 de médio porte e 12 de pequeno porte. A zona afectada concentra-se em torno do parque de estacionamento do Campo Alegre, onde já há máquinas a trabalhar, mas estende-se também numa faixa em direcção ao Rio Douro, que será ocupada pela nova ponte.

Contactada pelo PÚBLICO, a Metro do Porto explica a diferença de números com a fase de desenvolvimento do projecto. O parecer de avaliação de impacte ambiental “foi emitido sobre o estudo prévio, como sempre sucede”. Com a elaboração do projecto de execução, “agora em implementação, foram incorporadas alterações relativas aos desvios de trânsito que asseguram a fluidez do trânsito e evitam o encerramento temporário de vias rodoviárias no túnel do Campo Alegre, como acordado com a Câmara Municipal do Porto”.

A CMP, refere ao PÚBLICO o gabinete de imprensa da autarquia, ainda não deu resposta à Metro do Porto, empresa com a qual tem tido vários desaguisados por conta das obras que têm ocorrido na cidade, como a construção da linha Rosa e do canal de metrobus. Foram identificadas “várias incoerências” no pedido, após o qual se iniciou um “processo de esclarecimentos” por parte da CMP, que ainda não deu um parecer final.

O município do Porto refere que o pedido “não veio acompanhado de medidas de mitigação e nem de compensação” e diz que continua “a trabalhar em soluções” para “mitigar os impactos”.

Por seu turno, a Metro do Porto diz que respondeu “prontamente” aos pedidos de informação adicional da autarquia. Assegura que “foram estudadas alternativas, tendo-se constatado não existirem medidas exequíveis para evitar este abate - que é, sempre, a última opção dos projectistas”.

A empresa pública sublinha que, em matéria ambiental, “prevê agora a criação de um grande parque verde” sobre a estação do Campo Alegre, que terá “10,5 mil metros quadrados de área”.

Entretanto, o vice-presidente da CMP, Filipe Araújo, que tem o pelouro do ambiente, já deu conhecimento do assunto à Assembleia Municipal, para que possa ser avaliado pelo Grupo de Trabalho para Acompanhamento de Infra-estruturas de Transporte Público, formado por eleitos de várias forças políticas.

Mais abates em Gaia

Ainda assim, é em Gaia, que terá no seu território o maior troço da Linha Rubi, que está previsto o maior abate de árvores. Nos documentos da Avaliação de Impacte Ambiental, somando os números referidos para cada estação, menciona-se o abate de 224 árvores e o transplante de 80 exemplares, valores que também são apresentados como indicativos.

Contactada pelo PÚBLICO, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia responde que, “até ao momento”, não teve qualquer pedido para rever estes números. “Isso só poderia decorrer de equívocos dos projectistas, o que teríamos de avaliar casuisticamente”, acrescenta por email o gabinete de imprensa do município.

A câmara presidida por Eduardo Vítor Rodrigues ressalva ainda que “uma obra desta envergadura sempre implicará este tipo de impactos”. No caso de Gaia, o abate tem de ser acompanhado por “uma compensação de plantação de espécies autóctones em quantidade duas vezes superior ao abatido”.

No entanto, também em resposta ao PÚBLICO, a Metro do Porto refere que, “em resultado da evolução do Estudo Prévio para Projecto de Execução” que está a ser implementado, e por “motivos de natureza idêntica” ao que acontece no Porto, também o número de exemplares a abater e transplantar em Gaia “irá aumentar”.

“Será seguramente necessário efectuar um maior número de transplantes e de abates” entre a Arrábida e Santo Ovídio, embora ainda não seja “possível estimar com rigor qual a medida desse número”, explica a Metro do Porto.

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