Governo investe dois milhões para preservar o potencial genético das raças autóctones

O que se pretende fazer através do investimento de dois milhões de euros é dar uma valorização para que seja possível conservar embriões de todas as espécies autóctones existentes em Portugal.

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O burro de Miranda vai ter a conservação de um conjunto de embriões no seu território Nelson Garrido
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O Governo anunciou esta sexta-feira em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, um investimento de dois milhões de euros para a criação de um banco de material genético para assegurar o futuro das raças autóctones existentes em Portugal.

"Nós vamos lançar a verdadeira 'Arca de Noé' das raças autóctones. Actualmente o que existe na preservação do material genético das espécies animais são gâmetas masculinos [espermatozóides], não há nada mais. Isto significa que gâmetas masculinos sozinhos não conseguem garantir a continuidade das espécies", disse à Lusa o secretário de Estado da Agricultura, João Moura.

O governante acrescentou ainda que o que se pretende fazer através do investimento de dois milhões de euros resultantes da reprogramação do Plano Estratégico da PAC 2023-2027 (PEPAC) é dar uma valorização para que seja possível conservar embriões de todas as espécies autóctones existentes em Portugal.

"Estes embriões que vamos conservar para sempre vão ser em quantidade regionalizada. A título de exemplo, o burro de Miranda vai ter a conservação de um conjunto de embriões, para sempre, no seu território", vincou João Moura.

Outro dos objectivos é a criação de um amplo espaço na Fonte Longa, no distrito de Santarém, para mostra das espécies autóctones, de modo a que possam ser apreciadas por todos, desde as crianças aos adultos ou até visitantes de outra nacionalidade.

Segundo o secretário de Estado da Agricultura, a criação desta verdadeira "Arca de Noé" é uma "forte aposta do Governo", porque se trata de um projecto emblemático já que as raças autóctones fazem parte da história e acompanham a evolução de Portugal, nas suas regiões e tradições.

"A iniciativa já está no terreno e procuram-se agora pacotes financeiros para implementar estas medidas", disse.

Este projecto denominado "Arca de Noé" terá de estar concluído até 2025, devido à reprogramação dos fundos europeus.

O governante prometeu ainda apoios aos criadores das raças autóctones, sem especificar valores, para que o aumento do efectivo seja uma realidade.

João Moura falava no Naso, no concelho de Miranda do Douro, onde se realizou esta sexta-feira a feira anual do burro mirandês, tradição que já vem de longe, e que atrai dezenas de criadores e comerciantes.

De acordo com o Governo, Portugal possui uma enorme riqueza de recursos genéticos animais, traduzida no elevado número de raças autóctones actualmente reconhecidas. Contudo, a maioria destas raças encontra-se em risco de extinção, o que confere uma responsabilidade acrescida em assegurar a sua conservação a longo prazo.

Neste sentido, importa promover a preservação das raças autóctones pelos criadores, bem como o desenvolvimento de programas de conservação de germoplasma que permitam a salvaguarda do património genético ameaçado.