Erro informático trava bolsas de estudos para Portugal de 87 estudantes moçambicanos

As autoridades moçambicanas admitem que as 87 candidaturas foram rejeitados por falha do sistema informático no acto do envio dos processos à DGES. Os estudantes terão prioridade no próximo ano.

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Os pais dos 87 estudantes submeteram petições em nove instituições moçambicanas Nelson Garrido
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Um grupo de 87 estudantes moçambicanos foi excluído de bolsas de estudos em Portugal, neste ano, devido a um erro do sistema informático de Moçambique durante o envio das candidaturas, disseram esta sexta-feira à Lusa diferentes fontes.

"Neste momento sinto-me muito frustrada, mais ainda pelo lado psíquico e emocional do meu filho", disse Nélia Jamaldine, mãe de um dos estudantes.

Segundo a encarregada de educação, os estudantes não foram avisados sobre as falhas no sistema informático, tendo apenas recebido um comunicado conjunto dos ministérios do Ensino Superior e Negócios Estrangeiros de Moçambique a anunciar a sua exclusão, alegadamente passado o prazo de submissão de candidaturas.

No documento, emitido em 27 de Agosto, as autoridades moçambicanas admitem que os 87 processos de candidaturas foram rejeitados por falha do sistema informático no acto do envio dos processos à Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) de Portugal, sugerindo a inscrição em outras instituições de ensino superior portuguesas.

"Em face dos constrangimentos (...), as 87 candidaturas passam automaticamente a ser consideradas 'aceites' para efeitos de apresentação de candidatura ao próximo concurso de acesso ao ensino superior em Portugal por via do regime especial e tem tratamento preferencial na subsequente tramitação dos processos de candidatura", lê-se ainda no documento dos ministérios moçambicanos.

Os encarregados de educação queixam-se do anúncio tardio do problema e lamentam o investimento feito para que os seus filhos estudassem em Portugal neste ano, referindo ainda que o valor das propinas é elevado nas instituições de ensino sugeridas pelo Governo moçambicano, além de não leccionarem, em alguns casos, os cursos escolhidos pelos estudantes.

"Quase todas as possibilidades colocadas pelo instituto de bolsas [moçambicano] não valem nada, não valem para remediar absolutamente nada", disse à Lusa Valnir Chiambe, pai de um dos estudantes.

"Se eles nos tivessem informado naquela altura, nós podíamos ainda correr contra o tempo, tentar de outra forma candidatar os nossos filhos porque agora as candidaturas já encerraram", acrescentou à Lusa Paula Tocha, outra mãe de um dos estudantes.

Os pais dos 87 estudantes submeteram petições em nove instituições moçambicanas, entre as quais os ministérios do Ensino Superior, dos Negócios Estrangeiros e da Educação, embaixada de Portugal em Moçambique, Instituto de Bolsas de Estudo, Gabinete do Primeiro-Ministro, Procuradoria-Geral da República de Moçambique e Embaixada de Moçambique em Portugal, buscando uma solução antes do dia 12, data de divulgação da lista de admitidos às bolsas.

"Nós estamos a pedir que se clarifique o que aconteceu e se tome conhecimento das implicações destas atitudes", disse Valnir Chiambe.

Uma fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse esta sexta-feira à Lusa que erros no sistema de envio de candidaturas são frequentes todos os anos, referindo que o problema se deve à pressão causada pelo número de processos a submeter.

"O que nós estamos a fazer, efectivamente, é comunicar que foram inscritos todos, mas a plataforma por si só é que rejeitou. Não foi o instituto de bolsas que excluiu, não foi Portugal, é a pressão que se exerce sobre a plataforma que cria esse tipo de disfunção", disse a fonte, reiterando que os 87 estudantes excluídos terão prioridade no próximo ano.

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