Sede da Agência Espacial Portuguesa inaugurada em Novembro nos Açores

José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, mantém a esperança de ver voos espaciais em Santa Maria este ano. No entanto, esses voos só deverão ter lugar em 2025.

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A ilha de Santa Maria é, há vários anos, vista como o centro da estratégia espacial portuguesa RUI SOARES
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O presidente do Governo Regional dos Açores anunciou esta sexta-feira que a sede nacional da Agência Espacial Portuguesa na ilha de Santa Maria, que dará “prestígio e dimensão geoestratégica” à região, disse, será inaugurada no próximo dia 7 de Novembro.

Segundo José Manuel Bolieiro, a sede da Agência Espacial Portuguesa ficará instalada na antiga casa do director do aeroporto de Santa Maria, em Vila do Porto, que está a ser alvo de uma intervenção que ronda um valor global superior a um milhão de euros.

“E tenho o grato gosto, acompanhado, aliás, do senhor presidente da Agência Espacial Portuguesa, e também da senhora Secretária de Estado [da Defesa], que aqui está, bem como a senhora secretária Regional das Infra-estruturas, de dar nota de que a 7 de Novembro será inaugurada esta sede nacional da Agência Espacial Portuguesa”, disse o líder do executivo açoriano, que visitou o espaço no âmbito de uma visita estatutária de dois dias à ilha de Santa Maria.

Bolieiro adiantou que as actividades dedicadas ao transporte espacial que aquela entidade realizará serão desenvolvidas naquela ilha do arquipélago açoriano, como já tem sido prometido ao longo dos últimos anos. “Estamos a dar conteúdos de futuro, de modernidade, de excelência e, sobretudo, de prestígio e dimensão geoestratégica de Santa Maria e do ecossistema espacial que estamos a montar aqui”, declarou.

Acrescentou que é o país “que se prestigia e redimensiona no quadro da sua integração europeia, enquanto Estado Membro da União Europeia, e mesmo a relevância geoestratégica global e mundial, com esta aposta Atlântica das actividades espaciais”.

Investimento de 16 milhões de euros à vista

O chefe do executivo açoriano revelou ainda que o segundo semestre de 2024 será “de grande produtividade em matéria de várias concretizações ou preparação para concretizações”, admitindo que Santa Maria poderá ter, até ao final do ano, “um voo de retorno espacial”.

“Aliás, definimos estas estratégias, fizemos e conformamos, em acerto, obviamente, com o Governo da República, a legislação adequada e a definição convergente das estratégias – a regional a nacional e a comunitária –, para a política espacial da União Europeia”, rematou.

Apesar desta intenção, o PÚBLICO já tinha dado conta de que este ano só deverá existir um lançamento de teste da responsabilidade do Atlantic Space Consortium (ASC), que coordena a operação e a produção dos foguetões que serão lançados com o apoio de uma equipa de estudantes do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. O foguetão a ser lançado atingirá os dez quilómetros de altitude.

Os voos suborbitais ambicionados para a ilha de Santa Maria só deverão ser concretizados no início de 2025, segundo informou, em Agosto, o responsável pela empresa que já tem trabalhado para os primeiros lançamentos no arquipélago dos Açores.

O presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, disse que existem perspectivas de investimento em Santa Maria, como a criação de um centro tecnológico espacial “que vai ter um investimento superior a 12 milhões de euros”: “Estamos na iminência de o iniciar, não posso, para já, dar mais detalhes”.

“Há uma nova obra que vamos iniciar no teleporto de Santa Maria, que tem um investimento de 4 milhões de euros", disse, referindo que o mesmo integra o denominado ecossistema espacial de Santa Maria. Ricardo Conde disse ainda aos jornalistas que estão a “ser preparadas as condições para receber” o Space Rider, o primeiro veículo espacial reutilizável da Europa. No entanto, ainda não é garantido que este veículo aterre em Portugal. O Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, é outra opção viável para receber o Space Rider.

No futuro edifício sede da Agência Espacial Portuguesa funcionarão, entre outras, acções relacionadas com as condições de segurança das operações do acesso e retorno do espaço.