Autarcas questionam destituição da administração da ULS Almada-Seixal

A direcção executiva do Serviço Nacional de Saúde decidiu, na terça-feira, afastar o Conselho de Administração presidido por Maria Teresa Luciano. Profissionais subscrevem abaixo-assinado.

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Hospital Garcia de Orta, que integra a ULS Almada-Seixal Rui Gaudêncio
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A presidente da Câmara Municipal de Almada considerou, na quarta-feira, inaceitável o processo de substituição da administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Almada Seixal, classificando o procedimento como indigno. Também o presidente da Câmara Municipal do Seixal lamentou a "repentina destituição" e já pediu uma reunião à ministra da Saúde para falar sobre a construção do novo hospital do Seixal.

“Fui totalmente surpreendida. Consideramos inaceitável a forma como isto é anunciado”, disse Inês de Medeiros em declarações à agência Lusa manifestando-se solidária para com a actual presidente do conselho de administração.

A direcção executiva do Serviço Nacional de Saúde decidiu, na terça-feira, afastar o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS), que inclui o hospital Garcia de Orta, presidido por Maria Teresa Luciano.

Teresa Luciano será substituída por Jorge Seguro Sanches, ex-governante socialista que assumiu as pastas de secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, de 2019 a 2022, e de secretário de Estado da Energia, de 2015 a 2018 em governos liderados por António Costa.

De acordo com a página da Assembleia da República, Jorge Seguro Sanches é licenciado em Direito e pós-graduado em Relações Internacionais e em Direito da Energia.

Inês de Medeiros considera que, sem pôr em causa a qualidade de quem venha a substituir Teresa Luciano, o procedimento não mostra respeito pelo trabalho feito além de defender que “esta não é forma de lidar com os municípios”, criticando assim o facto de os autarcas não terem sido ouvidos assim como as equipas do hospital.

“Não se trata de filiação ou não filiação partidária, mas de reconhecer um trabalho que estava a ser feito e foi interrompido”, disse.

A autarca socialista realçou que a ULSAS estava num processo de reorganização pelo que considera que “esta mudança, independentemente da qualidade da nova administração, vem criar uma perturbação enorme num processo que estava a correr bem”.

Inês de Medeiros criticou a estratégia do Governo referindo que o que tem visto “são planos de exoneração e de substituição de equipas” e “falta de planeamento, destabilização e muito poucas respostas práticas e concretas que resolvam os problemas das pessoas”.

“Há uma prepotência na forma como se está a decidir estas matérias que não posso deixar de criticar muito veementemente porque não é assim que se estabelecem bases sólidas para um bom trabalho e uma boa articulação entre todos”, frisou.

A presidente da Câmara Municipal de Almada adiantou que qualquer alteração neste momento vem atrasar o que estava a ser feito no Garcia de Orta “que não é um hospital qualquer”.

“É o único grande hospital do sul do país. Por isso toda e qualquer alteração no Garcia de Orta tem um impacto enorme”, frisou.

Também o presidente da Câmara Municipal do Seixal lamentou a "repentina destituição" do conselho de administração da ULS Almada-Seixal considerando que "tem feito um trabalho esforçado e resiliente para tentar minorar os problemas existentes".

"A Câmara Municipal do Seixal vê com surpresa esta destituição repentina da drª Maria Teresa Luciano a quem deixo uma palavra de solidariedade pelo trabalho realizado enquanto presidente do hospital Garcia de Orta e agora da Unidade Local de Saúde Almada - Seixal", disse Paulo Silva em declarações à agência Lusa.

Na opinião do autarca "nada justificaria esta destituição" uma vez que a actual administração tinha conseguido uma boa relação com os profissionais de saúde, comissões de utentes e câmaras municipais "numa postura de diálogo com todos".

Os problemas existentes, advogou Paulo Silva, devem-se a conflitos entre o Governo e os profissionais de saúde devido à falta de valorização da carreira, mas também ao facto de o Hospital Garcia de Orta atender um grande volume de população.

"Foi projectado para 200 mil pessoas e a população dos dois concelhos de Almada e Seixal é já de cerca de 350 mil pessoas pelo que é impossível esta infra-estrutura conseguir responder sendo por isso cada vez mais necessária e urgente a construção do hospital do Seixal", frisou Paulo Silva.

O presidente da Câmara Municipal do Seixal disse ainda que esta mudança vai agudizar os problemas existentes e adiantou que vai pedir uma reunião à ministra da Saúde para abordar esta questão assim como a da construção do Hospital do Seixal.

A direcção executiva do Serviço Nacional de Saúde decidiu na terça-feira afastar a administração da ULSAS, que integra o Hospital Garcia de Orta (Almada) e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, no distrito de Setúbal.

Teresa Luciano será substituída por Jorge Seguro Sanches, ex-governante socialista que assumiu funções de secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, de 2019 a 2022, e de secretário de Estado da Energia, de 2015 a 2018, em governos liderados por António Costa.

Directores de serviço subscrevem abaixo-assinado

Na sequência da destituição de Teresa Luciano, directores de serviço do Hospital Garcia de Orta, coordenadores de centros de saúde do agrupamento Almada-Seixal, enfermeiros gestores e técnicos coordenadores subscreveram um abaixo-assinado a contestar a decisão.

Os profissionais de saúde dizem discordar da decisão de demissão do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS) e reiteram "toda a confiança na actual equipa de gestão e na continuidade dos projectos em curso".

Na sua opinião, o trabalho que tem sido desenvolvido pela equipa liderada por Teresa Luciano foi positivo, pelo que manifestam a sua solidariedade para com todos os elementos.

O documento é assinado por 36 directores de serviço do Hospital Garcia de Orta, pelos coordenadores de 23 Unidades de Saúde Familiar, 16 enfermeiros gestores e nove técnicos coordenadores.

A Unidade Local de Saúde de Almada-Seixal (ULSAS) integra o Hospital Garcia de Orta e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, no distrito de Setúbal. O Conselho de Administração é presidido pela farmacêutica Maria Teresa Luciano.

Teresa Luciana tinha sido nomeada em Agosto de 2022 como presidente do conselho de administração do Hospital Garcia de Orta, cargo que manteve com a criação da ULS em Janeiro de 2024.

O corpo directivo da ULSAS é ainda constituído por Henrique Manuel Neves Santos, director clínico para a área Hospitalar, Pedro Jorge Alves Pacheco, director clínico para a área dos Cuidados de Saúde Primários, Susana Luísa Rafael Almeida Graúdo, enfermeira directora e Tiago António de Fonseca Mendes, vogal executivo da área financeira.

Texto actualizado às 15h30 com declarações do presidente da Câmara Municipal do Seixal