Gouveia e Melo e a Presidência da República: “Não incluo nem excluo a possibilidade de candidatura”
Chefe do Estado Maior da Armada reserva para o final do ano um esclarecimento sobre uma eventual candidatura à Presidência da República.
O almirante Henrique Gouveia e Melo remete para o final deste ano, depois de deixar a vida militar, um anúncio sobre uma possível candidatura à Presidência da República. Até lá, declarou em entrevista à RTP, o chefe do Estado Maior da Armada não se deixará "condicionar" com a discussão dessa possibilidade.
Militar ainda no activo, Gouveia e Melo está impedido de exercer actividade política por inerência às suas funções. Perante a pergunta sobre uma hipotética candidatura, "ou não responde ou responde que não, porque responder que sim é tomar uma posição política".
"Isso é contra o meu estatuto militar. Fazerem-me essa pergunta, só tem uma resposta: ou é não para me condicionar, e de alguma forma perco a liberdade de dizer qualquer coisa no futuro, ou dizer 'nim', que é não e sim", disse. A única resposta possível, de momento, será esta: "Não incluo nem excluo a possibilidade da candidatura".
"Que ninguém venha condicionar a minha liberdade, porque aí sim ficarei aborrecido, porque acho que nós não devemos ser condicionados nas liberdades garantidas por lei", diz por agora, defendendo que, finda a actividade, os militares passam a ser "um cidadão como outro qualquer".
"A população é que tem que escolher, pelo voto, se esse cidadão merece ou não a confiança. Não é uma clique política ou um grupo de comentadores que vai condicionar um cidadão a apresentar-se ou não a eleições. No fim, quem vai escolher são os cidadãos livres, através do voto", afirmou à RTP. O almirante, que se notabilizou na liderança do esforço de vacinação contra a covid-19 durante a pandemia, citou o exemplo do último ex-militar que chegou a Belém: "A população portuguesa tem de estar muito agradecida ao último militar que esteve no cargo, que é o general Ramalho Eanes".
"Primeiro, tenho que sentir que a candidatura tinha que ser útil para o país e isso é o 'se' muito grande. E depois se avançaria ou não é outro 'se'", sublinhou no entanto.
"A minha decisão, seja ela qual for, não será condicionada por sondagens", diz ainda. Num inquérito da Intercampus conduzido em Julho, Gouveia e Melo somava 9,4% das intenções de voto, longe dos 31,7% que chegou a registar noutra sondagem que a mesma empresa realizou em 2022, e da liderança entre os eleitores de direita apontada numa sondagem do ICS/Iscte há menos de um ano. Encontra-se agora atrás de nomes como António Guterres, Pedro Passos Coelho ou André Ventura entre todos os inquiridos.