Presidente da República defende revisão do Plano Nacional de Leitura

Marcelo Rebelo de Sousa fechou o primeiro dia da segunda edição da Book 2.0, conferência da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), a decorrer até amanhã no Museu do Oriente, em Lisboa.

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O Presidente da República esta tarde na conferência Book 2.0 António Cotrim/ LUSA
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O Presidente da República defendeu esta quinta-feira a necessidade de uma revisão do Plano Nacional de Leitura, considerando que o actual "está datado", e pediu que se aplique a experiência do cheque-livro em Portugal.

Estas duas ideias foram transmitidas por Marcelo Rebelo de Sousa no primeiro dia da conferência Book 2.0, da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), no Museu do Oriente, em Lisboa.

Tendo a escutá-lo na primeira fila da plateia os secretários de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, e da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, o chefe de Estado sustentou uma tese optimista sobre a recuperação dos níveis de leitura em Portugal após a pandemia da covid-19, destacando sobretudo dados referentes a crianças e jovens.

"Fiquei com medo de que a pandemia tivesse em Portugal consequências maiores no domínio do livro, porque tínhamos uma tendência decrescente. A boa notícia, que hoje foi aliás confirmada, é que depois da queda a pique em 2020 e de uma recuperação muito difícil em 2021, o ano de 2022 mostra uma recuperação. E em 2023 assistiu-se a uma nova recuperação", apontou o Presidente da República.

Para este resultado, o chefe de Estado disse que contribuíram entidades como a APEL, mas também a generalidade das escolas e organizações não-governamentais.

"Mas há desafios que têm a ver com o problema do livro", advertiu, antes de criticar o pouco destaque dado pelas televisões ao livro, principalmente em horário nobre, e de sugerir uma revisão do Plano Nacional de Leitura.

"O Plano Nacional de Leitura tem vindo a ser melhorado ao longo do tempo, mas está datado. Está datado. Tenho a sensação que é preciso repensar", advogou.

Em relação ao cheque-livro, Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu que é preciso avançar com essa ideia. "Nenhum de nós sabe se dará resultado ou não. Gosto da ideia e gostava de ver a ideia aplicada. Tem de se fazer a experiência para ver se vale a pena ou não, se estimula ou não estimula [a leitura], mas é uma de várias vias possíveis. É preciso encontrar outras fórmulas imaginativas para realmente apelar à leitura. Qualquer que seja a leitura", acrescentou.

Na perspectiva do chefe de Estado, "é preciso ganhar leitores".

"Pode ser um jornal desportivo, pode ser ler a partir de um podcast, ou ler a partir de um programa, ou de um testemunho, ou de um debate numa rede social. É diferente do que era ler em outros tempos? Não sei, não me interessa. Há ler e ler. Nós temos de ganhar leitores", defendeu.

A intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa gerou vários momentos de boa disposição entre os presentes no auditório da Fundação do Oriente, o primeiro deles quando falou da sua experiência como editor.

"Perdi fortunas como editor. Foi um gozo imenso editar livros que ninguém lia, sobretudo de direito, mas fui feliz. Depois parei, porque era muito dinheiro", acentuou. Marcelo Rebelo de Sousa disse, ainda, que quando deixar de ser Presidente da República gostaria até de ter na televisão um programa sobre livros. "Mas não o vou fazer", preveniu.