Jazz em Monserrate chega à terceira edição com nove concertos em Setembro
O festival tem este ano como directora artística a pianista Inês Laginha e um programa com músicos portugueses e estrangeiros. Começa esta quinta-feira.
Todas as sextas e sábados de Setembro haverá jazz no Parque de Monserrate, em Sintra. É a terceira edição de um festival nascido em 2022 que procura atrair aos relvados do parque, sempre ao pôr-do-sol (os concertos começam às 19h), um público heterogéneo de todas as idades. No programa deste ano há oito concertos, um por dia, aos quais veio juntar-se um nono, que era para ter ocorrido em Junho como forma de anunciar o festival e que, adiado por razões climatéricas, acaba por ter lugar esta quinta-feira. Trata-se de Perico Sambeat (saxofone alto) em quarteto, com João Pedro Coelho (piano), Romeu Tristão (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria). Já está esgotado.
Num festival promovido pela Parques de Sintra com apoio da Câmara Municipal de Sintra e o BPI e a Fundação “La Caixa” como mecenas, a direcção artística deste ano coube à pianista Inês Laginha, que foi convidada no Inverno de 2023, uns meses depois da segunda edição. Aceitou por várias razões, a primeira das quais é a sua ligação ao local. “Cresci em Sintra, o meu pai ainda vive em Sintra e é uma zona que me é muito querida”, diz ao PÚBLICO. Outra é a essência do festival: “Teve uma programação portuguesa com músicos que muito admiro.”
A edição que dirige junta pela primeira vez portugueses e estrangeiros. “Considero que o jazz é o estilo de música mais abrangente, porque nasce no berço de uma mistura de culturas. Para mim, só faz sentido programar um festival se se mantiver a premissa que criou este estilo musical.”
Cumprido o concerto de Perico Sambeat, os restantes ocorrem aos pares, um à sexta e outro ao sábado. Nos dias 6 e 7, respectivamente, actuarão Eduardo Cardinho (vibrafone) em sexteto e André Rosinha (contrabaixo) em trio. Nos dias 13 e 14, duas cantoras: primeiro a norte-americana Emma Frank e depois a portuguesa Filipa Franco, ambas em quinteto. Nos dias 20 e 21, duas colaborações: a do Trio de Jazz de Loulé com o catalão Jorge Rossy (vibrafone) e a de João Bernardo (piano) em duo com o brasileiro Augusto Baschera (guitarra eléctrica). Por fim, a 27 e 28, respectivamente, actuarão a cantora e teclista Margarida Campelo em quarteto e Alexandre Frazão (bateria) em quinteto. Os bilhetes para cada concerto têm o preço único de 15 euros.
“Em Portugal, temos músicos que nasceram no jazz mas que não se encerraram ali e vão em muitas direcções”, diz Inês Laginha. “Mas às vezes há uma reserva em convidar músicos estrangeiros porque se presume que será muito caro e inacessível, e isso não é verdade.” Daí ter convidado a norte-americana Emma Frank (que vive em Brooklyn com o marido, o baterista português Pedro Barquinha): “É uma cantautora que acompanho há alguns anos, porque fez uma colaboração com o Aaron Parks, um dos meus pianistas de jazz favoritos e que por sinal agora vive em Lisboa. Há um disco dela em que o Parks participou, foi aí que a descobri. É uma música acessível para quem não ouve jazz, mas nota-se que ela passou por lá.” Com Emma estarão Aaron Parks (piano), Dominic Mekky (teclados), Simon Jermyn (contrabaixo) e Pedro Barquinha (bateria).
O catalão Jorge Rossy, tal como Emma, já tem ligações anteriores a Portugal. “Conhecemo-lo tendencialmente como baterista, apesar de sabermos que de há uns anos para cá ele toca vibrafone”, assinala a programadora. “Achei interessante mostrar esse outro lado dele. Como há o Trio de Jazz de Loulé, três músicos incríveis de uma geração mais nova (o António Quintino, o João Lopes Pereira e o João Pedro Coelho), decidi propor ao Jorge Rossy que tocasse vibrafone com eles. Ele adorou a ideia e estou muito contente, porque é um concerto que não se vai repetir.” Rossy dará também uma masterclass no dia 21, às 14h, de acesso gratuito mediante inscrição prévia.
O programa do Jazz em Monserrate inclui ainda quatro concertos para famílias aos sábados de manhã, nos dias 7, 14, 21 e 28, sempre às 11h e também de acesso gratuito, “mediante compra de entrada no Parque e Palácio de Monserrate”. Cada um deles, explica Inês Laginha, “é uma espécie de concerto comentado, em que se vai tentar explicar a crianças e graúdos o que é isto do jazz (o swing, o contratempo, a interpretação...), mas com jovens a tocar". O projecto passa por uma colaboração com o Conservatório Nacional, que disponibilizará um leque de "adolescentes que tocam jazz há relativamente pouco tempo". O formato das sessões prevê que após uma actuação "de 20 a 30 minutos, comentada e interactiva entre a professora e cantora Catarina dos Santos e os músicos, haverá uma jam session à qual se poderão juntar outros jovens” presentes.